A designer têxtil quer
Arriscar e inovar no mundo da têxtil em constante mutação
Joana Guimarães
T81 - Março 23
Emergente

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Desde cedo
Uma paixão pelos fios e técnicas artesanais

O têxtil sempre esteve presente e sempre existiu uma paixão pelos fios e técnicas artesanais que a conduziram ao design têxtil.

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oana Guimarães, Designer Têxtil da Magma Têxtil, entrou em Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em 2010. Mas foi nesse mesmo ano que, não conseguindo esconder o seu encanto pelo têxtil e pelas suas fábricas, se inscreveu-se no curso de Modelista do Modatex. A razão é simples: a sua bisavó era modista, a avó costureira e desde cedo a paixão brotou. 

Apesar do início de formação mais gráfico e da impossibilidade de terminar o curso do Modatex, a designer têxtil diz que “sempre sentiu necessidade de trabalhar de forma criativa e artesanal diferentes materiais” e recorda com entusiasmo os seis meses de Erasmus na Turquia – que se transformaram doze meses – de contacto com uma cultura e um design completamente diferentes daquele a que estava habituada. Das inúmeras artes que teve oportunidade de experimentar, Joana destaca o contacto com a cerâmica e olaria, a produção de peças em metal ou a arte da tapeçaria. Como recordação, viajou e regressou com um tear com o qual pôde continuar a desenvolver os mais variados tapetes. 

Com um último ano de licenciatura invulgar, o passo seguinte era enveredar pelo Mestrado em Engenharia Têxtil para contactar com o mundo de fábrica de que tanto gosta. Mas, por falta de inscritos, o curso não abriu e acabou no Mestrado em Design de Moda na Universidade da Beira Interior. Ainda assim, o contacto com processos fabris não lhe foi impossibilitado: o tear reto e circular ou os processos de tinturaria fizeram parte do seu percurso.

O esperado – para o primeiro ano de mestrado – seria o desenvolvimento de um projeto final: a criação de uma coleção. No entanto, teve a sorte de fazer um projeto totalmente focado no desenvolvimento têxtil, onde pôde contactar de perto com a indústria e desenvolveu uma coleção de tecidos e malhas. Para o segundo ano optou por um projeto de investigação – que vai até além do gosto pelo têxtil e foi para a área da biotecnologia – onde estudou a aplicação de pigmentos bacterianos: “Bio Fermented Colors – Pigmentos de Origem Bacteriana: Uma Alternativa Sustentável no Design de Moda e Têxtil” é o título da dissertação que lhe deu o canudo e que lançou Joana na complicada jornada que é arranjar emprego.

“Quer seja aqui, em Portugal, quer seja no estrangeiro, a procura não é fácil e a resposta é sempre a mesma: não tens experiência”, recorda a designer – “se ninguém abrir uma janela, entramos num ciclo vicioso”. Foi então que se abriu uma porta e acabou por começar o trabalho como Designer Têxtil na Trimalhas, onde esteve entre os anos de 2018 e 2021. 

Ainda em 2021 aterraria na Magma Têxtil. Mais vocacionada para o high-end, enquanto Designer Têxtil da Magma, Joana é responsável pela criação das coleções e do seu respetivo propósito. O seu trabalho surge desde o que existe um início de coleção até à presença em feiras onde contacta com os clientes e consegue “compreender o impacto do trabalho que desenvolveu”.

Apaixonada pela liberdade e pela aventura que é viajar pelos quatro cantos do mundo, desloca-se diariamente do Porto até Barcelos na companhia da Rádio Observador para fazer aquilo que mais gosta: arriscar e inovar no mundo da têxtil em constante mutação.

Cartão Do cidadão

Joana Guimarães, Designer Têxtil da Magma Têxtil

Família O pai, a mãe e a irmã Casa No Porto, ao pé do Bessa Carro O da empresa, Dacia Spring Formação Licenciatura em Design de Comunicação, Mestrado em Design de Moda Portátil Toshiba Telemóvel Huawei P30 Lite Hobbies Ouvir a Rádio Observador no caminho até Barcelos, praticar um pouco de desporto (ultimamente, padel) e a culinária Férias As últimas foram na Noruega a ver as auroras boreais Regra de ouro “Ainda que seja sempre esperançosa, é preciso reconhecer quando se deve parar”

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