Sucesso imediato
"Quando acabei a licenciatura fui convidado para a plataforma new designers da Semana de Moda de Londres"
Gonçalo Peixoto
T59 - Dezembro 2020
Emergente

Mariana d' Orey

Parar é morrer
“Eu tento readaptar-me e gosto de ir construindo estação após estação. Não sou um designer quadrado”

Da mesma forma que quem não gosta de chocolate pode ser considerado estranho pela maioria dos gulosos, também quem se cruza com Gonçalo Peixoto não pode pode ficar à margem da sua forma de ser “é o que é”. É que Gonçalo Peixoto é, como o próprio diz, “um designer pop do século XXI”: de todos e para todos. Sem idade, sem estilo e, eventualmente até, sem géner, embora as suas peças sejam direcionadas para o público feminino. As suas coleções são wannable tanto que dão já que falar por esse mundo fora. E tudo isto com apenas 23 anos

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ão poucos mas intensos os anos de vida de Gonçalo Peixoto que sempre soube que o caminho seria na área da moda e da criação.

“Eu era aquele miúdo que adorava ir às compras com a minha mãe, ajudava-a imenso. E ela sempre adorou que eu adorasse esse mundo”, recorda o designer, filho único de um casal de empresários da área alimentar de Vila Nova de Famalicão.

A vontade “inata e crescente” de criar levou-o a ingressar no 9º ano numa formação profissional no CENATEX que, afirma, “fez todo o sentido para mim”.

“Passados sensivelmente dois anos, teria eu uns 16 anos, pedi ao meu pai de presente de Natal uma máquina de costura igual à da escola para praticar porque tinha tido uma péssima nota na disciplina de confecção”, relata entre risos o jovem empreendedor.

A prática aguçou o talento e foi assim que Gonçalo viu nos seus exercícios caseiros uma oportunidade para criar uma marca própria de vestuário feminino.

“Aos 17 anos, cerca de um ano depois, já estava a juntar uma equipa e a lançar a minha primeira coleção. Eram peças ainda rudimentares, era eu que as confeccionava”, recorda. Certo é que, por intermédio de um fotógrafo, uma das peças da primeira coleção “de brincadeira” de Gonçalo Peixoto, um macacão, integra uma publicação internacional da revista ELLE Bulgária.

Já diz a sabedoria popular que o mundo é tão grande quanto pequeno e as redes sociais deram um jeitinho no encolhimento para que, por mero caso, a atriz Rita Pereira se tivesse apaixonado pelo macacão criado por Gonçalo Peixoto durante as suas pesquisas on-line.

“Eu não podia perder a oportunidade e quando vi que a Rita Pereira tinha feito um comentário sobre o meu macacão nas redes sociais, enviei-lhe uma mensagem e ofereci-lhe essa peça. Desde aí tornamo-nos inseparáveis. A Rita é uma peça fundamental na minha marca”, explica o jovem.

A exposição impulsionada pela atriz valeu a Gonçalo Peixoto, que entretanto ingressa na licenciatura em Design de Moda na ESAD, a concretização do grande sonho da vida.

“Como é que eu posso continuar a ser notado e a ter valor” foi a grande questão que pairou na cabeça de Gonçalo Peixoto, que rapidamente percebeu que o segredo estava em “criar boas coleções que se ajustem às tendências e fazer campanhas fotográficas fora de Portugal”, explica o designer que já viajou com a marca para os Alpes e Marrocos.

Mas a irreverência das peças de Gonçalo Peixoto não fez barulho só em Portugal. “Quando acabei a licenciatura fui convidado a participar na plataforma new designers da Semana de Moda de Londres e acho que esse foi um fator fundamental para que também as semanas de moda portuguesas reparassem em mim e no meu trabalho”, defende o designer.

Gonçalo Peixoto apresenta duas vezes por ano as suas coleções principais no Moda Lisboa, embora tenha recentemente lançado uma nova linha cápsula mais abrangente e acessível.

“Eu tento readaptar-me e gosto de ir construindo estação após estação. Não sou um designer quadrado”, assume Gonçalo que, nas suas coleções, trabalha fundamentalmente por encomendas “por forma a evitar o desperdício numa lógica de sustentabilidade”, assegura.

“Durante a quarentena percebi que podia criar uma linha mais barata que chegasse a mais pessoas porque a moda é de todos. E a verdade é que vendi muito neste período, sobretudo no on-line, que representa já 70% das vendas” prossegue.

A marca, que começou por ser muito focada no street e sportwear, está “hoje e sempre em constante mutação”, explica o designer que quer “criar proximidade e dar resposta às necessidades das consumidoras numa coleção eclética e diversificada porque ninguém está seis meses no mesmo mood”, remata.

Cartão Do cidadão

Família vive com o cão, Sebastião Formação Licenciatura em Design de Moda, na ESAD Casa Apartamento no Porto Carro Mercedes Portátil MacBook Pro Telemóvel Iphone 11 Hobbies Treinar ao ar livre, ouvir música, conviver com os amigos e um bom copo de vinho Férias Tenta sempre fazer duas viagens por ano, tendo passado por destinos dispares como Tailândia e Finlândia. Marraquexe é “a cidade preferida de sempre” Regra de Ouro “Nunca desistir”

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