Sandra Pontes
"Estou sempre a aprender com as pessoas com quem trabalho"
Sandra Pontes
T15 Dezembro 2016
Emergente

Jorge Fiel

Sandra Pontes
"A ideia é fazer roupa jovem para uma mulher moderna"

Sandra Pontes habituou-se a aprender sozinha e com a vida e desde cedo percebeu que não devia fazer grandes planos para a vida, para não atrapalhar os planos que a vida tem para ela.

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andra, 43 anos, não pode ver um cão ou um gato abandonados na rua, porque o seu impulso é levá-los para casa. Desde miúda que adora os animais, por isso não espanta que tenha sonhado ser médica veterinária quando fosse grande – sonho que ficou em águas de bacalhau por culpa de um namoro de adolescente que a desfocou dos estudos. Mal acabou o 12º ano, na Escola Secundária Martins Sarmento, em Guimarães, tratou logo de arranjar um emprego, como empregada de escritório numa fábrica de calçado, onde se demorou um par de anos.

Atendia telefones, tratava da faturação, fazia recados, um pouco de tudo afinal, porque o escritório se resumia a ela. ”Habituei-me a aprender sozinha e com a vida”, conta Sandra, que desde cedo percebeu que não devia fazer grandes planos para a vida, para não atrapalhar os planos que a vida tem para ela.

Ser empregada de escritório não era um emprego muito motivador, pelo que não hesitou um segundo antes de dizer sim, quando a mãe, Maria José Oliveira, a desafiou a ir ajudá-la na Paloma, uma pequena fábrica de confeções que pusera de pé em Creixomil, atingindo assim o generalato no mundo dos trapos, onde subiu a pulso, pelo caminho das escadas e não o do elevador, debutando como costureira, especializando-se no corte e sendo promovida a encarregada antes de se aventurar como empresária.

Sandra tinha 22 anos e começou por baixo na fábrica da mãe, onde o pai (mecânico de máquinas de costura) também dava uma mão. Ocupava-se sozinha do escritório (“Já sabia um bocado de escrita”), mas o seu trabalho não se esgotava no manuseamento da papelada – também passava a ferro, pregava botões e embalava. “Fazia tudo o que era preciso”, resume.

Até que aqui há coisa de três anos, a vida revelou-lhe finalmente os planos que tinha para ela. O negócio de trabalhar a feitio não estava a correr bem e a mãe, cansada, fechou as portas da Paloma. “A vida obrigou-me a tomar uma decisão”, explica Sandra, que face ao encerramento da Paloma resolveu ativar a Orchid Woman, empresa que criara em 2011 e estava adormecida à espera de vento favorável ao lançamento de uma marca própria de roupa para mulher.

Começou do zero. Arranjou um pavilhão no Parque Industrial de Sezim, candidatou-se a uma linha de financiamento da Câmara de Guimarães e a Orchid Woman saiu do papel para o terreno, como fábrica de confeções para senhora, com o projeto de ir mais além que a Paloma e do trabalho a feitio – para já a aposta é no private label, mas o sonho de uma marca própria continua vivo na cabeça e coração de Sandra.

“A ideia é fazer roupa jovem para uma mulher moderna, que gosta de se sentir confortável, mas também elegante e de estar na moda”, conta, acrescentando que ainda não encontrou a pessoa certa para desenhar a sua coleção. “Eu ocupo-me da parte comercial, gosto de gerir a produção e organizar a empresa. A criação não é para mim”, explica.
Há dias melhores e outros que nem tanto, mas ela nunca desanima. “Tudo se há-de resolver. Amanhã é outro dia. O que é preciso é arregaçar as mangas e trabalhar”, diz Sandra, filha de Maria José (que a ajuda nesta empresa; “a minha mãe sabe trabalhar muito bem”) e mãe de Miriam, a filha de15 anos que a acompanhou à London SVP (“ficou encantada com a feira e até atendeu clientes”).

“A experiência até está a ser muito interessante e motivadora. Estou sempre a aprender com as pessoas com quem trabalho. Quando não tenho a certeza deixo-me guiar pelo instinto. Penso que consegui fazer uma boa equipa de trabalho. Precisamos todas umas das outras”, confessa Sandra, olhando com orgulho para o chão de fábrica, onde trabalham umas duas dúzias de costureiras, e acrescentando: “Ligo o ar condicionado uma hora antes, para já estar quentinho quando elas chegarem”.

Cartão Do cidadão

Família Tem uma filha, a Miriam, 15 anos, três cães rafeiros (Noddy, Mada e Kika) e uma gata (Nina) Formação 12º ano Casa Vivenda em Creixomil, Guimarães Carro Peugeot 508 preto Portátil Não tem Telemóvel iPhone Hóbis Adora viajar, praia (Vila do Conde) e rio (Gerês), ir ao cinema e ficar em casa sossegada a ler ou a ver televisão Férias Este ano foi à Madeira e deu uma saltada a Porto Santo (“Uma praia maravilhosa”) Regra de ouro Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti – porque colhemos sempre o que semeamos

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