Roselyn Silva
“Em miúda fazia roupas para mim e para as amigas. Mas as principais vitimas foram os meus irmãos"
Roselyn Silva
T0 Agosto 2015
Emergente

Jorge Fiel

Roselyn Silva
“Agradeço a Deus todos os dias pela vida feliz que tenho”

Designer e empresária, nasceu há 30 anos em S.Tomé. Licenciada em Engenharia de Higiene e Segurança (ISEL) e Design e Moda (Lisbon Design School), foi campeã nacional e ibérica de atletismo

Estás doida?!”, desabafou a mãe mal soube que ela se preparava para aplicar todo o dinheiro que tinha (mais algum que não tinha), na compra de um lote de tecidos africanos, importados do Senegal. Não, Roselyn não estava doida, muito pelo contrário. O tempo não demorou a provar que estava carregadinha de razão ao agarrar a oportunidade e arriscar desenvolver um inovador conceito de fusão afro-europeia.

A ideia era simples, como todas as ideias geniais. A mala e a roda existiam há séculos, mas foi preciso chegarmos ao séc. XX para alguém se resolver juntar as duas coisas. O momento Eureka de Roselyn foi aparentado: usar os vistosos e coloridos tecidos africanos para confeccionar elegantes peças de vestuário com um corte clássico e europeu.

Provavelmente, a irrequietude e o permanente desejo de querer sempre ser e fazer mais e melhor já lhe vinham no ADN com que nasceu há 30 anos, em S. Tomé, filha de uma empregada numa firma de contabilidade e de um árbitro de futebol. Tinha quatro anos quando, em 1989, os pais fizeram a mala e vieram para Portugal em busca de uma vida melhor.

Após um curto período em Algés, os Silvas cruzaram duas vezes o rio grande, vivendo em Almada e na Amadora antes de se fixarem em Sintra. A mãe começou nas limpezas mas tornou-se fisioterapeuta.  O pai começou a distribuir bebidas, tirou a carta de pesados e tornou-se motorista da Carris. Dotada para o desenho, Roselyn ainda andava no Secundário quando se estreou na moda. “Fazia roupas para mim e para as amigas. Mas as principais vítimas foram os meus irmãos. Eu era uma espécie de consultora de imagem deles. Escolhia as roupas que eles usavam”, graceja.

O amor pela moda foi precedido pelo amor pelo atletismo. Começou a correr com seis anos, na Cooperativa Tempo Novo, da Amadora, e deu logo nas vistas. Tinha 12 anos quando aceitou um convite do Sporting (apesar da família ser benfiquista). De leão ao peito brilhou no meio fundo e fundo, foi campeã nacional e ibérica. Só parou aos 21 anos, pois as 24 horas do dia não chegavam para atletismo, trabalho, estudos e voluntariado.

O primeiro emprego, como desenhadora projetista, fê-la sonhar ser engenheira civil. Chegou a frequentar esse curso no ISEC, mas mudou a agulha e acabou por tirar Engenharia de Higiene e Segurança no Trabalho. Há coisa de dois anos, começou a publicar no Facebook desenhos de roupa de corte europeu e padrão africano. A moda pegou. As amigas desataram a encomendar-lhe modelos exclusivos, que vendia pela Internet. Foi por esta altura que, apesar da mãe lhe chamar doida, Roselyn teve o seu momento Alea jacta est. Os dados estavam lançados.

Fez uma coleção, que apresentou em Londres e Macau, e o curso de Moda da LSD. As televisões dera por ela e foi convidada a fazer o Grand Tour dos programas da manhã e tarde, da Querida Júlia ao José Figueiras, passando pelo Goucha. Despediu-se. Não dava mais para acumular moda e construção civil.

Andava à procura de financiadores quando o irmão Wilson (que é jornalista) lhe telefonou a anunciar uma versão portuguesa do Shark Tank: “Mana, é a tua oportunidade”. Foi. Deu-lhe mais notoriedade, dois sócios (Tim Vieira e Rafael Koehler), fôlego financeiro para massificar a marca (acrescentando o pronto a vestir ao por medida)  e para abrir uma loja no 7.o andar do edifício da Loja das Meias – onde, há 14 anos, ela ganhou o seu primeiro dinheiro fazendo embrulhos, nas férias do Natal.   Ah, e como ela é irrequieta e quer sempre ser e fazer mais e melhor, vai matricular-se numa pós graduação em Gestão. Roselyn nunca para de correr.

Cartão Do cidadão

Família Solteira (ainda) Formação Cursos de Engenharia de Higiene e Segurança (ISEL) e de Design de Moda (Lisbon Design School) Casa Apartamento em Benfica (mas está a pensar mudar-se para o centro de Lisboa) Carro Ford Fiesta Portátil Sony Hóbis Corre 10 km de manhã, pelo menos duas vezes durante a semana e sempre ao fim de semana Sinal particular Faz voluntariado ligado a crianças em bairros de risco e é líder de jovens na Igreja Evangélica Maná Férias Vai passar uns dias a Barcelona Regras de ouro “Agradecer a Deus todos os dias pela vida feliz que tenho (sinto-me uma rapariga privilegiada) e nunca desistir de lutar pelos nossos sonhos”

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