Rita Bonaparte
“Gostava de dar um novo fôlego à minha marca. Preciso de fazer uma parceria com uma empresa”
Rita Bonaparte
T11 Julho-Agosto 2016
Emergente

Jorge Fiel

Rita Bonaparte
“Adoro desenhar. Estou a trabalhar naquilo que gosto”

A designer tem 34 anos, cresceu nas Caldas e fez Design de Moda no IADE (Lisboa). Estagiou com Fátima Lopes e trabalhou com Ana Salazar. Venceu duas vezes (2001 e 2002) o Concurso dos Jovens Criadores

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ita Liliana Teotónio, 39 anos, nasceu em Lisboa, filha de um médico e uma professora de Inglês, mas cresceu nas Caldas da Rainha, onde fez o secundário na ES Raul Proença (por incrível que pareça a ES Bordallo Pinheiro não tinha a opção Artes). Em miúda, já com a ideia fixa de ser estilista, entretinha-se a renovar o guarda roupa das suas bonecas Tuchas e Barbies, reciclando roupas velhas. Quando chegou a hora, escolheu voltar à capital, para fazer o curso de Design de Moda do IADE, opção encorajada pelos pais.

Foi no IADE que Rita Liliana Teotónio se transformou em Rita Bonaparte, nome mas também marca registada. Como havia três Ritas na turma, desataram a tratá-la por Liliana, nome com que ela não se identificava de todo. Ficou a matutar no assunto até achar uma solução dois em um: resgatar o nome próprio de que gostava e fazer a sua própria marca, acrescentando ao Rita o apelido Bonaparte da avó materna.

Lançada a primeira pedra da marca, Rita tratou de começar a construir as fundações sólidas para uma carreira de designer. Ainda estudante, ganhou o concurso para as fardas de uma escola de hotelaria, o primeiro de muitos prémios que foi colecionando. Seguiu-se-lhe o Agulha de Ouro que distinguiu a sua primeira coleção – intitulada “Amor e Ódio” e transbordante de romantismo, com que assinalou o final do seu curso, também marcado por um estágio de três meses no atelier de Fátima Lopes.

Depois voou até Paris para completar a primeira fase da sua formação. Perdeu a noção do tempo no Louvre. Estudou tecidos na Première Vision. E, durante intensos 15 dias vividos na American Academy, bebeu as experiências e recebeu os conselhos de criadores da Yves Saint-Laurent, Givenchy e Chanel.

Regressada a Portugal, arranjou o primeiro emprego a trabalhar para Ana Salazar. “Fui lá mostrar o portefólio, gostaram e fiquei”, conta. Foram dois anos bons, mas duros. De dia a trabalhar para a estilista, de noite a trabalhar na sua própria coleção. O esforço acabou por ser recompensado. Venceu, em dois anos consecutivos (2001 e 2002) o Concurso dos Jovens Criadores.  E em 2002, três anos após acabar o curso, a sua coleção “Boneca Mulher ou Mulher Boneca”  já estava a desfilar na passarela do Portugal Fashion.

Sentindo a carreira na rampa do lançamento, Rita transferiu para o Porto o seu centro de gravidade, ficando assim mais perto da Fábrica de Calçado Sozé/Codizo,em Felgueiras, para quem desenhava os sapatos da marca Dkode, e enquanto prosseguia a carreira a solo, mostrando a coleção no Portugal Fashion, respondia a outras solicitações como a da Staples, que a convidou a desenhar coleções escolares de cadernos, mochilas, pastas de elástico, etc.

No entretanto, por culpa da crise iniciada em 2008, o voo ascendente de Rita Bonaparte foi afetado por uma série de poços de ar. O acumular de clientes com contas por pagar, obrigaram-na a definir um plano de emergência, reduzindo aos mínimos a atividade da marca própria (faz uma mini-coleção de 25 peças, mais comercial) para trabalhar como freelancer para a indústria do calçado (desenha para três marcas:  Cloud Footwear, Our Soul e Segmento). Mas agora que a turbulência já pertence ao passado, põe os olhos no futuro.

“Adoro desenhar. Estou a trabalhar no que gosto. E gosto do que estou a fazer. Mas também gostava de fazer mais vestuário, de dar um novo fôlego à minha marca e, quem sabe?, estendê-la também ao calçado. Mas para isso preciso de estabelecer uma parceria com uma empresa”, conclui Rita Bonaparte, um designer de moda que está à procura do empurrão que lhe permita entrar em órbita.

Cartão Do cidadão

Família Tem um filho (Sebastião, 10 anos) e um gato chamado Lucas Formação Curso de Design de Moda do IADE  Casa Apartamento em Lavra, a cinco minutos a pé da praia Carro Carrinha Peugeot 307 Portátil iPad (trabalha muito no fixo) Telemóvel Samsung Galaxy Hóbis Fazer crossfit, correr, ouvir música, ver o pôr-do-sol, dar passeios de bicicleta com o filho Férias Praia na Senhora da Rocha (Algarve) e viagem de inspiração por França, Bélgica e Holanda  Regra de ouro “Põe tudo o que és no mínimo que fazes” (pedida emprestada a Ricardo Reis)

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