04 Março 19
Economia Circular

Cláudia Azevedo Lopes

Tornar a sustentabilidade sustentável é o desafio

Chama-se Catalyst, é a mais recente plataforma portuguesa de apoio às empresas que se querem lançar no desafio da sustentabilidade e vai organizar no dia 6 e 7 deste mês, na Second Home, em Lisboa, um ciclo de conferências dedicado a esta temática, que tem tomado a indústria têxtil portuguesa de assalto.

A ideia é congregar profissionais – estejam eles a dar os primeiros passos ou já bem estabelecidos no mundo da circularidade – para que juntos possam discutir ideias, trocar experiências, desafios e tornar este caminho, cada vez mais indiscutivelmente importante.

“Queríamos criar um espaço onde os makers da indústria possam conversar e criar sinergias, tanto para aqueles que já têm marcas sustentável como para tentar consciencializar os que ainda não embarcaram nesta viagem. Queríamos mostrar a panóplia e a quantidade de tecidos sustentáveis que já existem, principalmente no Norte, pois trabalha muito para exportação e lá fora já há muito esse requisito pela sustentabilidade. A ideia é também levar esse knowledge e know-how do norte para o sul”, explica Kaleigh Tirone Nunes (na foto), uma das fundadoras do Catalyst.

“Quando se cria uma marca sustentável, há desafios e dificuldades pelos quais passamos e eu senti que havia a necessidade de partilhar esse conhecimento, para que não andássemos sempre todos a cometer os mesmos erros. Ninguém sabe tudo. É mais fácil ter alguém que nos diga: “Olha, estas são as empresas que existem, estes são os tecidos disponíveis, estas são as pessoas que devem contactar”, completa.

O primeiro dia do evento, vai ser dedicado ao tema ‘Walking the Conscious Runway: circularidade e responsabilidade nas pequenas e médias empresas” vai ter as participações de Paula Perez, da Nae Vegan Shoes, Ana Costa, da Baseville, Carla Belchior, da Outra Face da Lua, Pedro Palha, da Isto, e Joana Silva, da Conscious Swimwear, e decorrerá entre as 18 e as 20h.

Já o segundo dia, sob o tema Fabric(-ated), vai contar com Maria José Carvalho, do CITEVE, e Paulo Gomes, da Manifesto Moda, ambos envolvidos no projeto iTechStyle Green Circle, para discutir a temática do futuro dos tecidos, entre as 18 e as 21h.

Haverá ainda tempo para, depois das conferências, os participantes visitarem uma exposição de têxteis sustentáveis, que estará a cargo da Tintex, uma das parceiras deste projeto.

A ideia para o projeto surgiu de Kaleigh Tirone Nunes, uma arquiteta de formação que desde sempre esteve ligada à sustentabilidade – os pais, também arquitetos, tinham um gabinete de arquitetura sustentável. Há três anos, Kaleigh sentiu o apelo da moda e criou a Cleonice, uma marca de moda sustentável, mas os desafios não tardaram a aparecer.

Entretanto, havia começado uma autêntica revolução sustentável na indústria têxtil nacional e Kaleigh percebeu que era a altura certa para iniciar o Catalyst, juntamente com Joana Cunha, fundadora do Fair Bazaar, uma boutique dedicado à moda sustentável, e Manuel Mendes Belchior, e ajudar este novo mercado a florescer.

“Graças a esta tendência sustentável, é cada vez mais fácil encontrar soluções, mas as principais dificuldades prendem-se com encontrar os tecidos e as confecções, porque tanto para um como para outro é sempre preciso falar de grandes quantidades, o que para os pequenos designers é incomportáveis. Se as marcas se juntarem, podem fazer uma encomenda conjunta e já é possível. É este tipo de sinergias que queremos criar. Ainda há muito trabalho a fazer”, completa a designer.

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