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Os desafios imediatos do setor têxtil dão-se principalmente a dois níveis: comércio (livre) e recursos humanos, duas áreas intensamente abordadas pelos vários participantes no painel sobre ‘Digitalização & Sustentabilidade’, no âmbito da cinvençãoITMF. Temos de convencer as gerações mais jovens de que o setor é atualmente um cluster de modernidade, apontou Isabel Furtado, CEO da TMG Automotive.
O painel foi aberto pelo eurodeputado Nuno Melo, que afirmou que a criação de novos empregos, patrocinados pela revolução digital, será um fator decisivo até pelo menos 2050 – e esse é o grande desafio empresarial dos próximos anos.É por isso, recordou, que a União Europeia tem 11 mil milhões de euros para investir no setor. E as empresas têxteis nacionais, disse, não podem deixar de “tomar esse comboio”
O presidente da Euratex – associação europeia que está no centro da gestão europeia dos interesses do setor – recordou que “os têxteis europeus compõem atualmente uma boa fotografia”, mas os próximos anos encerram um grande desafio. Desde logo pela deriva “protecionista que vem de alguns países”.
Mas o setor tem ao menos uma certeza: “a União Europeia quer manter a indústria no seu interior”, o que quer dizer que os investimentos estruturais vão continuar – nomeadamente no que tem a ver com os fundos estruturais. Com um foco, recordou: “inovação, sustentabilidade e comércio”. A Euratex está presente em cada um destes três pilares, suportando não só uma visão global que a própria Comissão Europeia obrigatoriamente tem de ter, mas também fazendo a ponte com estruturas ‘irmãs’ de outras partes do mundo.
Mas a Euratex quer fazer mais. E por isso está a negociar com a Comissão o aumento das estruturas de controlo do comércio – que lhe permitirá, de forma mais abrangente, monitorizar toda a cadeia do setor. Mas é em termos de pessoas que “é preciso uma grande mudança: temos de tornar os têxteis mais sexy”, disse. Ou seja: o setor tem capital necessidade em angariar para o seu interior conhecimento, modernidade e flexibilidade, que só se obtém com o contributo da população mais jovem.
Isabel Furtado, CEO da TMG Automotive (na foto), debruçou-se sobre o tema, entre outros, para afirmar que um dos desafios do setor é precisamente o de convencer as gerações mais jovens de que o setor é atualmente um cluster de modernidade. As empresas têm liderado essa mudança, esclareceu, o que fica bem exposto no facto de os têxteis técnicos serem cada vez mais o que marca o ADN da indústria nacional. Inovação, construção de marca, mais valor-acrescentado e mais conhecimento são, na ótica de Isabel Furtado, os pilares que vão marcar o futuro. Num quadro de fundo, evidentemente, de aposta na sustentabilidade – onde a economia circular deixou de ser uma opção para ser o único caminho.