25 Julho 19
Meias

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Sir Tile: com a arte nos pés

A ideia de transformar os azulejos portugueses num produto de design data de 2009, mas as boas ideias por vezes tardam a passar para a realidade e a Sir Tile – empresa criada por João Portas e Paula Cortez – acabou por só surgir em outubro de 2018. O projeto era claro: ‘transferir’ para um par de meias o design tradicional de alguns dos azulejos mais marcantes daquela arte, tão iminentemente portuguesa.

Como explicaram João Portas e Paula Cortez – desde há muito ligados à Intimeia, uma fábrica de meias que pertenceu ao pai dela e que desapareceu na voragem das alterações da envolvente da economia – o ‘business plan’ prevê que a empresa chegue, em velocidade de cruzeiro (em três anos), a um volume de vendas da ordem dos 40 a 50 mil pares de meias, o que poderá significar uma faturação próxima do milhão de euros.

É “a aposta na qualidade que vai permitir alcançar esta meta”, refer João Portas, para afirmar que “o fio usado é muito caro” incorporando licra e algodão e não dando lugar a qualquer falha ou à existência de pormenores não acautelados.

A escolha da fábrica onde as meias são produzidas, explica Paula Cortez, e que caiu sobre a Fiorima (criada em 1985 e dedicada em exclusivo à conceção, produção e comercialização de peúgas e similares e considerada uma das empresas mais modernas do mundo na sua área de atuação), foi “um processo longo” e muito experimental. Não só porque a procura da qualidade era intocável, mas também porque “sendo nós conhecedores dos processos”, constantemente acrescentavam novos pormenores ao processo de fabrico. Para mais, a simples réplica dos delicados desejos dos azulejos com o recurso a fio já era, só por si, suficientemente complicado.

Foi a demora no apuro da qualidade que acabou por ditar a derrapagem do timming do negócio, que acabou por não estar pronto em setembro passado (por alturas de captar o negócio associado ao Natal). A loja online acabou por só surgir em 6 de maio passado (não por acaso: é o Dia Nacional do Azulejo) e tem sido esse, para já, o suporte das vendas.

Joao Portas explica que a introdução da produção em lojas físicas, em Lisboa, Porto e no estrangeiro, está em cima da mesa. Como está também a expansão para outras soluções de design, sempre alavancadas na arte. Mesmo que seja a urbana: o grafiti – que por vezes ocupa o lugar deixado vago pela destruição dos azulejos – pode ser uma solução de design com francas possibilidades.

E que tfaz todo o sentido para o conceito da marca: “é um estilo que olha para o futuro, num estilo de vida urbano e descontraido”, explicam os fundadores do projeto – com a arte a seus pés.

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