30 Janeiro de 2017
Economia circular

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Riopele faz tecidos reciclando produtos agroalimentares

A Riopele está a desenvolver um projecto de reciclagem de produtos agroalimentares para produzir tecidos inovadores que neutralizam os odores.

Através do projeto R4Textiles, cofinanciado pelo COMPETE 2020, esta empresa utiliza esses resíduos provenientes das indústrias de carnes e cervejeira que apresentam um enorme potencial de valorização no acabamento têxtil, pelas suas propriedades intrínsecas (actividade antimicrobiana, prebiótica, antioxidante, entre outras).

Actualmente a reciclagem de resíduos agroalimentares, ricos em proteínas e polissacarídeos, tem permitido desenvolver trabalho na extracção de ingredientes funcionais, com aplicações na alimentação, cosmética e biomédica.

O projeto R4Textiles visa desenvolver têxteis sustentáveis – reutilizados e funcionais – com base na valorização de rejeitados têxteis e agroalimentares de forma a pôr em prática o novo paradigma da economia circular.

De acordo com a página oficial do COMPETE 2020, “tradição e Inovação são duas palavras-chave para a Riopele que uma longa história e com um saber-fazer único”. E recorda que “a empresa tem levado a cabo um intenso trabalho de pesquisa de tendências e de comportamentos, investindo fortemente em Investigação & Desenvolvimento.”

A Riopele, diz ainda o COMPETE 2020, pretende capitalizar as oportunidades associadas à economia verde (também designada por “economia circular”) e contribuir activamente para o seu crescimento. A indústria têxtil, tal como a generalidade das outras indústrias, ainda segue o padrão tradicional do crescimento baseado no “extrair – fabricar – consumir – deitar fora” (“take-make-consume-dispose”).

Contudo, acrescentam, “sabe-se hoje que este conceito é insustentável”. “Os recursos do planeta são finitos. Isto significa que é necessário avançar para um novo paradigma: a ‘economia circular’ que permite o crescimento económico ao mesmo tempo que optimiza o consumo dos recursos naturais, transformando profundamente as cadeias de valor e os padrões de consumo e redesenhando os sistemas industriais”.

Num contexto actual de consciencialização ambiental, a Riopele pretende apostar numa estratégia de investigação que conduza à adopção de políticas sustentáveis, de redução do impacto ambiental, assente na valorização dos resíduos têxteis (iniciando com os gerados na sua unidade), e de subprodutos de indústrias agroalimentares próximas geograficamente. Quer no caso dos resíduos têxteis, quer no dos resíduos agroalimentares, existem desafios na investigação, ao nível do processamento e da sua aplicabilidade na produção de novas estruturas têxteis.

É neste contexto que surge o projeto R4Textiles, cujos principais objetivos são: design e construção de novas peças/estruturas têxteis com base em resíduos têxteis – fios, telas e tecidos, com ou sem processamento prévio, para eliminação de elastano; produção de tecidos funcionais inovadores com incorporação de ingredientes extraídos de resíduos agroalimentares, para obtenção da funcionalidade de neutralização de odores, e outras propriedades valorizáveis no acabamento têxtil (antimicrobiano, prebiótico, antioxidante, anti-estático, toque melhorado).

Promovido pela Riopele, o projeto R4Textiles é cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT e envolve um investimento elegível de cerca de 978 mil euros, a que corresponde um incentivo FEDER de 602 mil euros.

Neste projecto estão também envolvidos o Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CeNTI), o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE) e a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa (ESB).

A Riopele centra a sua actividade na criação e na produção de colecções de tecido de valor acrescentado para vestuário. Localizada em Pousada de Saramagos, no concelho de Vila Nova de Famalicão, a empresa é uma das mais antigas e conceituadas da indústria têxtil portuguesa, que completa 90 anos em 2017.

De pequena empresa familiar, a empresa evoluiu para uma organização em grande escala, integrando verticalmente as áreas da fiação, da tecelagem, da tinturaria e dos acabamentos.

Hoje, constitui uma das empresas portuguesas de referência no sector têxtil e uma das grandes exportadoras nacionais. A Riopele opera em todo o mundo através de uma vasta rede de agentes que lhe permite exportar cerca de 98% da sua produção de tecidos de moda para vestuário.

O percurso da Riopele está associado ao da família Oliveira, a quem sempre pertenceu o controlo exclusivo da empresa. A actual administração é presidida por José Alexandre de Oliveira, neto do fundador.

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