20 março 20
Comércio

T

Avaliação de risco: só a Gap inscreveu ‘crise de saúde pública’

As grandes empresas do retalho têxtil e do vestuário têm por hábito elencar nos seus relatórios de sustentabilidade os riscos que entendem poder impactar negativamente os seus negócios, mas, dos gigantes planetários, os que estão em todos os mercados, só a norte-americana Gap entendeu inscrever um item onde especifica uma possível “crise de saúde pública” como um elemento a considerar.

Estes relatórios são uma peça importante para a avaliação dos prémios dos seguros, mas o certo é que a maioria das multinacionais do retalho opta por inscrever apenas os riscos mais óbvios: risco de câmbio, falência das cadeias de fornecimento e mesmo mudança de comportamento do consumidor.

Os grupos mais expostos a mercados onde o risco-país é elvado, chegam mesmo a elencar o terrrorismo e os golpes de Estado nos seus relatórios. Entretanto, há alguns exercícios, poucos, o risco climático entrou de ronmpante nos relatórios de todos os grupos e em pouco tempo passou a ser um ‘clássico’.

Mas, uma análise feita pelo jornal espanhol ‘Modaes’ permite concluir que só a Gap teve a evidência de que o risco de uma pandemia devastadora seria um item a considerar. No último relatório anual, o item ‘crise de saúde pública’ surge na 22 posição na lista dos riscos a considerar. Uma verdadeira premunição.

A Gap é bastante criativa neste segmento. Para além da ‘crise de saúde pública’, coloca na lista coisas tão inesperadas como ‘a incapacidade de detectar tendências da moda’, a ‘falha na captação de gestores para áreas-chave’ ou a ‘impossibilidade de utilizar novas tecnologias’.

A concorrência é normalmente mais prosaica. A Inditex elenca ‘eventos extraordinários fora do controlo do grupo – demasiado vago para contemplar a atual pandemia, enquanto a H&M fala de ‘fatores externos fora à empresa’, a ‘digitalização’ por causa das compras online e mesmo ‘tensões sociais nos mercados fornecedores’ (que também já é um clássico).

A Fast Retailing, dona da Uniqlo, elenca a ‘manipulação de informações confidenciais ou violação da privacidade de clientes e fornecedores’, para além dos ‘normais ‘terremotos, erupções vulcânicas, incêndios, inundações, explosões ou o colapso de edifícios’.

Mas o certo é que, no meio de tanta criatividade – numa lista que contempla obrigatoriamente o ‘risco reputacional’ – só a Gap acertou, desgraçadamente, em cheio.

Partilhar