23 novembro 18
Património

T

Arquitetura é que mais cresce na Burel Mountain Originals

O segmento de arquitetura é o que mais está a crescer no conjunto da oferta da marca Burel Mountain Originals – artigos de decoração, moda e acessórios, tecidos e mantas – , o que justificou a abertura de uma loja especializada na decoração de interiores, em Lisboa, nas imediações do Cais do Sodré.

“Estamos a crescer sempre a dois dígitos ao ano”, diz Isabel Dias Costa, a CEO da Trendburel, uma ex-administradora da Sonae MC que há uma dúzia de anos deslocou para a Serra da Estrela o centro de gravidade das suas actividades, que além da vertente têxtil englobam ainda a hotelaria – a Casa das Penhas Douradas e Casa de S. Lourenço que serão rebatizadas Burel Panorama Hotel e Burel Expedition Hotel. 

A sede da Microsoft Portugal (na foto), o Museu do Dundo (Angola), os escritórios da Deloitte (Lisboa) e a Cidade do Futebol da FPF (Oeiras) são alguns de edifícios que utilizam o burel na sua decoração, tirando partido das propriedades únicas deste tecido que é 100% lã  de ovelha e proporciona excelentes isolamentos acústico e térmico, além de ser de muito fácil manutenção.

Ao matrimoniar tradição e modernidade num casal perfeito, a Trendburel é um magnifico exemplo do segredo que esteve na origem da ressurreição da ITV portuguesa  – a combinação entre o know how de um indústria tradicional e a incorporação permanente de design, inovação e novas funcionalidades. 

“A nossa filosofia consiste em dar valor ao que é nosso, mantendo vivo o património no lugar onde está. Reinterpretamos o burel à medida do presente, combinando a arte e o saber dos artesãos de Manteigas com o design mais moderno, criando peças, produtos e soluções originais de traço contemporâneo”, sintetiza Isabel, que recuperou um tecido tradicional, usado pelos pastores da Serra da Estrela para se protegerem do frio e chuva, e não pára de o valorizar, acrescentando-lhe novas cores, declinando novas densidades e texturas –  e usando-o numa multitude de novos produtos.

Tudo quanto leva a marca Burel Mountain Originals é integralmente feito em Portugal, desde o fio à confeção, pela Trendburel, que recorre a métodos tradicionais e a um parque de máquinas antigo que recuperou – apenas a ultimação, tinturaria e acabamentos, são subcontratados a empresas da região da Serra da Estrela.

A aventura de resgate do burel por Isabel Dias Costa começou em 2010, na Sala das Linhas da Lanifícios Império, em Manteigas, com o salvamento de um parque industrial que incluía máquinas do século XIX e teares Porto (fabricados em Portugal) que estavam destinados a irem para a sucata e serem derretidos em ferro.

Além de evitar a destruição desta parcela da nossa história industrial, o projeto de Isabel criou uma espécie de Universidade dos Lanifícios, ao juntar na Burel Factory reformados, engenheiros e doutores em lãs, tios e sobrinhos, avós e os seus filhos e netos, com a formação feita nas antigas Império e Sotave, e que agora ensinam as novas gerações e trabalham em máquinas dos séculos XIX e XX numa empresa com ADN do século XXI.    

Com quartel general em Manteigas, a Trendburel emprega 54 pessoas e prepara-se para fechar o ano de 2018 com um volume de negócios próximo dos dois milhões de euros.

Partilhar