T36 Outubro 18
Empresa

Usar cintos e suspensórios

O objectivo da Sanmartin, que desde o ano 2000 aposta forte nas exportações, é continuar a controlar todas as fases decisivas do processo produtivo - a criação e os acabamentos -, estratégia que considera ser essencial para manter a cabeça fora de água num segmento de mercado tão exigente como o da Alta Costura.

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A Sanmartin resulta do grito do Ipiranga dado por Luís Cunha Lemos, que no outono de 1981, com o nosso país a atravessar um sofrido intervalo entre duas intervenções do FMI (1977 e 1983), decidiu sair da M.Rua e criar a sua própria empresa, com a ajuda da mulher, Maria Adelaide.

No momento de batizar o projeto, Luís foi buscar a inspiração a S. Martinho (o nome da terra transmontana onde ele e Torga nasceram) e afrancesou grafia e pronúncia numa manobra de marketing que se viria a revelar de grande alcance quando, no virar do século, a empresa tomou a decisão estratégica de apostar forte nas exportações.

“No princípio e no seu essencial a Sanmartin vivia do mercado interno”, recorda Nuno Lemos, 44 anos, filho do meio do casal fundador e responsável pela vertente tecidos da atividade da empresa – Jorge, o mais velho, encarrega-se dos acessórios, enquanto que Paulo, o mais novo, preferiu a informática aos trapos.

O mercado doméstico bastou para a empresa crescer e estabelecer as suas credenciais junto dos profissionais com que trabalha, mas chegado o ano 2000, e já reforçada com o sangue novo da segunda geração, a Sanmartin mudou-se do centro da cidade para as atuais instalações na Maia.
“Precisávamos de mais espaço para nos abalançarmos a exportar”, explica Nuno, licenciado em Administração e Gestão pela Fernando Pessoa, que não tem dúvidas em afirmar que “compensou” a aposta continuada na apresentação das colecções nas grandes feiras internacionais.

Cerca de 65% dos quatro milhões de euros do volume de negócios da Sanmartin são feitos fora de portas, sendo que os três principais mercados são a Itália, Alemanha e França.

A Sanmartin sabe que não pode cometer erros para se manter com a cabeça fora de água num segmento de mercado tão exigente como o da Alta Costura. Por isso, controla as fases decisivas do processo produtivo: a criação (tem um gabinete de design que desenha o produto escolhe os materiais e as combinações de cores) e os acabamentos (tinturaria e estampagem).

“São cinco as fundações do nosso sucesso: design atual, qualidade superior, preços competitivos, atendimento eficiente ao cliente e um bom serviço pós venda”, elenca o responsável da Sanmartin, que está a construir uma marca própria – Stilíssimo – para a vertente acessórios da sua atividade.

Como hoje em dia só nos sentimos seguros usando cinto e suspensórios, a Sanmartin tem em cima da mesa uma série de projetos para reduzir a excessiva exposição ao mercado europeu,como o investimento nos Estados Unidos, a aposta no crescimento do peso nas vendas do segmento acessórios (que vale apenas cerca de 1/3 da faturação) e a reformulação de todo o sistema informático de modo a entrar no negócio das vendas online B2B.

“Estamos muito entusiasmados com os Estados Unidos, onde temos um agente fantástico. Temos de nos por ao abrigo de eventuais flutuações no mercado europeu”, conclui Nuno Lemos.

A Empresa

Sanmartin
Rua do Solão 91
Gondim
4475-240 Maia

O que faz Concebe e comercializa tecidos e rendas para alta costura, bem como acessórios de moda, área em que tem um marca própria (Stilissimo) Trabalhadores 35 Volume de negócios 4 milhões de euros (mais de 65% feito na exportação) Principais mercados Portugal, Itália, Alemanha, França, Polónia, Áustria, Bélgica, Espanha, Irlanda e Finlândia

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