T55 - Julho/Agosto 2020
Empresa

Espicaçados a fazer TNT para protecção

“Fomos espicaçados a fazer TNT para proteção e depressa conseguimos chegar a esse objectivo”, revela Rui Lopes, o responsável pela Trim NW, que no início da pandemia trocou a produção para o setor automóvel pelo da saúde

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“Isso é que eu gostava mesmo e saber”, responde Rui Lopes, o engenheiro que está ao leme da Trim NW, quando perguntado sobre como vai evoluir agora o negócio, depois e ter começado a fazer o famoso TNT, o Tecido-Não-Tecido que era fundamental para o país poder fazer os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para o combate à Covid.

“Fomos espicaçados a fazer TNT para proteção e depressa conseguimos chegar a esse objectivo”, conta o portuense que fez Engenharia Mecânica no ISEP (1996) mas teve que ir logo para Sintra trabalhar numa multinacional ligada à indústria automóvel.

A vida profissional foi-o mantendo pela envolvente ao Tejo, sempre na órbita do sector automóvel, até que em 2015 a falência da empresa onde estava o impeliu a juntar um grupo de colegas e avançar para a fundação da empresa que em Março o país descobriu que podia ser o caminho para a salvação.

A Trim NW era uma das raras empresas da Europa a produzir TNT, mas não com os requisitos para fazer os tão necessários EPI. “Para isso tem que ser impermeável e o que fazíamos não era. Fomos desafiados pelo CITEVE, mas também nos pediam da Câmara de Santarém e de vários hospitais e no dia 13 de Abril já tínhamos um produto aprovado no CITEVE”, conta Rui Lopes, que agora o que mais queria era mesmo saber como vai evoluir este negócio.

Por enquanto muito bem. Está a crescer na ordem dos 30%, stão a abastecer cerca de 30 confeções nacionais, têm já aprovados quatro produtos impermeáveis da gama IMPERSCRIM – entretanto criada – e outros estão na calha para aprovação. “Estamos também a começar a fazer outros TNN para a área da saúde/hospitalar que não necessitam de impermeabilidade, que vamos lançar em breve”, diz Rui Lopes avançando que a produção destinada à confeção de EPI representa hoje já quase 50% da actividade, que até março estava exclusivamente vocacionada para a indústria automóvel, mais de 90% para exportação.

Desde o início que a Trim NM se dedicava ao fabrico de TNT para a indústria automóvel e peças termoconformadas para o interior de viaturas. O revestimento interior dos famosos táxis londrinos tem sido apontado com o exemplo da aplicação dos seus produtos, mas também algumas séries de carros de luxo e marcas conhecidas estão entre os clientes da empresa.

“Em março o automóvel parou por completo e foi a área da saúde que nos permitiu continuar a trabalhar. Lentamente, desde o início de Junho, o automóvel está a regressar, mas queremos continuar nesta área da saúde”, garante o líder da empresa que já Novembro vai estar na Médica, em Dusseldorf, a feira que é a grande montra na área da saúde.

“Estamos a desbravar caminho, não sabemos os volumes que vão ser necessários. É uma área completamente nova, com novos clientes, e estamos nisto apenas há três ou quatro meses. Temos muito trabalho pela frente, tanto no mercado nacional como o internacional”, reconhece Rui Lopes, que não esconde a ambição de a Trim NW vir a pode abastecer o mercado europeu no fabrico para a área de saúde e hospitalar.

Para já, a empresa investiu cerca de 350 mil euros no ajustamento da maquinaria para responder aos requisitos do sector e tem duas linhas que podem produzir até um milhão de metros quadrados por semana.

Agora, que a Europa se assustou com a dependência da produção asiática, o que Rui Lopes gostava mesmo de saber é como vai evoluir o mercado deste sector.

A Empresa

Trim NW
Rua Conde da Ribeira Grande
Zona Industrial da Quinta do Mocho
2005-002 Santarém

O que faz? Especialista em produção de Tecido-Não-Tecido Principais clientes Indústria automóvel e confecções têxteis Marcas próprias IMPERSCRIM, com quatro TNT impermeáveis para a área de saúde e hospitalar Exportação Acima dos 90% até março, agora o mercado interno anda nos 40 a 50% Principais mercados França, Espanha, Itália, República Checa e Reino Unido Volume de negócios 3,06 milhões de euros em 2019 (este ano espera superar os 4 milhões) Trabalhadores 38 Aposta estratégica Continuar a crescer no fabrico de TNT para a área de saúde e hospitalar

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