20 janeiro 22
Empresas

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Proposta de semana de quatro dias não colhe apoios

Os representantes das empresas e associações patronais entendem que, numa altura em que o país está ainda a recuperar do choque da pandemia, não faz sequer qualquer sentido estar a colocar a questão da redução da semana de trabalho. A ideia faz parte das propostas do Partido Socialista.

Com o país e as empresas ainda reféns das limitações impostas pela Covid19, os representantes das empresas alertam que a prioridade é mesmo a questão dos baixos níveis de produtividade e que enquanto este problema não for enfrentado não há condições sequer para pensar na semana de quatro dias.

Para o presidente da AEP, “no momento em que ainda não nos livramos da pandemia e em que, do ponto de vista económico, ainda não conseguimos alcançar o nível de atividade pré-pandemia, o foco da discussão e das preocupações deve ser outro: o de recuperar rapidamente a economia”, disse Luís Miguel Ribeiro ao jornal ECO, concluindo que este não é o momento adequado avançar com a discussão.

Segundo as propostas que tem apresentado, o PS quer avançar para “um amplo debate nacional e em sede de Concertação Social” para analisar a possibilidade de em Portugal se avançar em alguns sectores para a semana de trabalho de quatro dias. Mesmo reconhecendo que este é seguramente um tema importante, o presidente da CIP (Confederação da Indústria Portuguesa) questiona-se sobre a oportunidade da proposta.

“Qual o sentido de discutir esta mudança estrutural numa altura em que há milhares de empresas em dificuldades, a sobreviver aos efeitos da pandemia, entre eles o aumento do custo das matérias-primas e da energia, a que se junta a necessidade de perceber e absorver as mudanças de hábitos dos consumidores”, pergunta António Saraiva igualmente citado pelo ECO.

Também o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), entende que a proposta não é oportuna e alerta até que teria “consequências desastrosas na maioria dos setores“, como disse ao mesmo jornal. Até porque entende que não faz sentido pensar nessa hipótese sem que primeiro se analise profundamente a questão da produtividade.

“Não é previsível que os baixos níveis de produtividade consigam absorver um cenário desses nos próximos anos”, previne João Vieira Lopes, avançando que nesse cenário “as empresas teriam de contratar mais trabalhadores para manter o nível de produção, tudo isto num contexto que é de grave escassez de mão-de-obra”, conclui o líder da CCP.

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