25 setembro 20
Malhas

Cláudia Azevedo Lopes

JPG e IC já venderam mais de um milhão de máscaras

Foi logo em Março, quando a pandemia tomou Portugal de assalto, que a João Pereira Guimarães, especializada na produção de malha ketten em fibras artificiais, se uniu à confeção Island Cosmos para produzir uma máscara reutilizável, sustentável e democrática. Seis meses passados e com mais de um milhão de máscaras vendidas, todas para o mercado português, o futuro parece ser continuar a apostar neste segmento de negócio, que permitiu à empresa manter-se economicamente viável em tempos de Covid-19.

“Começámos por produzir algumas máscaras artesanais para os nossos colaboradores na fábrica, com recurso a uma malha nossa, de rede em estilo piqué, a que depois aplicámos, já em fase de tinturaria, um tratamento antibacteriano e antiviral, que não é utilizado para repelir a Covid-19 mas sim para impedir infeções e outros problemas que advêm do uso da máscara. Foi aí que surgiu a ideia de começar a produzir máscaras com esse tecido. Entrei em contacto com a Fernanda Valente, da confeção Island Cosmos, que confecionou um modelo de máscara”, revelou Carolina Guimarães, a gerente da João Pereira Guimarães.

A primeira encomenda chegou dos Bombeiros de Leça do Balio e rapidamente se alargou à Camara Municipal de Matosinhos. Seguiram-se as Camaras Municipais de Valongo, Nelas, e Vila real, e instituições de ensino como o ISAG, a Universidade de Évora, o Colégio de Ermesinde e o Colégio Alemão do Porto, entre outros, o que ditou que a Island Cosmos tivesse de se unir em parceria a outras confeções de forma a conseguir dar vazão à explosão de encomendas.

“A escolha do poliéster como material foi consciente e pensada. O sintético dá mais garantias e se pensarmos bem não é menos ecológico que o algodão, que precisa de quantidades enormes de água para ser produzido, polui os solos e representa muitas vezes péssimas condições para os trabalhadores que o produzem. Mas se estamos a falar de sustentabilidade, o verdadeiro inimigo são as máscaras descartáveis, que poluem o ambiente e, no fim de contas acabam por ficar mais caras do que as reutilizáveis”, garante Carolina Guimarães.

“A vertente ecológica é muito importante para nós”, remata Fernanda Valente, que também já está a produzir um fato reutilizável hidrófugo para até 50 lavagens, que apesar de não estar homologado como material hospitalar, está a ser destinado para profissões que representem algum risco, como assistentes de lares e dentistas. Os pezinhos para proteção de calçado também são um best-seller. “As pessoas usam-nos para entrar em casa da rua ou para darem a convidados que os visitam”, completa a administradora da Island Cosmos.

Acabadas com um tratamento antibacteriano e antivírico, as máscaras são certificadas pelo Centro Tecnológico do Calçado para 25 lavagens e pelo CITEVE para 15. No entanto, garante a gerente da João Pereira Guimarães, as características protetoras da máscara mantêm-se até 100 lavagens.

Agora, com mais de um milhão de unidades vendidas, o próximo passo é dar início à venda direta ao público, neste que é cada vez mais um negócio de futuro para a empresa e que permitiu à mesma continuar a laborar, sem nunca recorrer em lay-off, quando as outras áreas, como é o caso do vestuário, falharam. Atualmente, este novo negócio representa 25% da faturação total da João Pereira Guimarães, que em 2020 conta manter o mesmo volume de faturação atingido em 2019.

Partilhar