17 novembro 22
Indústria

Ana Rodrigues

Inditex lidera criação de nova associação empresarial

A Inditex lidera a criação de uma nova associação empresarial designada Associação Espanhola de Comércio Têxtil. Com depósito aprovado pela Direção Geral do Trabalho, a associação é ainda constituída pela H&M, a Primark, a Uniqlo e o Grupo Ibérico de Retalho Desportivo (JD Sports e Sprinter).

A criação da nova associação não é pacífica: a Acotex, associação mais representativa do sector têxtil em Espanha, já veio queixar-se que a falta de união não vai beneficiar a indústria. Mas o certo é que – nomeadamente em termos de acordos na área do trabalho – as grandes empresas têm pouco ou nada a ver com as PME que abundam no sector. A criação da nova associação resulta disso mesmo, e o medo da Acotex é que tenda agora para a irrelevância política junto quer dos sindicatos quer dos governos central e regionais.

A nova associação representará, assim, o grosso das vendas de moda realizadas em Espanha. Segundo a Acotex, em 2021 e em período de restrições ligadas à pandemia, a Inditex, H&M e Primark representaram 60% do volume de negócios total do sector em Espanha, tendo um volume de negócios de 5.780 milhões de euros (mais 22,6% do que no ano anterior). Por seu turno, as empresas de moda em Espanha apenas faturaram 8.902 milhões de euros, o que representou um decréscimo de 16,17% face aos valores de 2020.

Segundo dados da Acotex, em Espanha existem cerca de 164 mil trabalhadores no comércio especializado de moda. Só a Inditex tem mais de 46 mil funcionários na Espanha, aos quais devem ser subtraídos cerca de cinco trabalhadores da sede e da cadeia logística. A H&M tem um total de 4.046 trabalhadores em Espanha (incluindo também os escritórios) e a Primark emprega mais de nove mil pessoas apenas no seu parque de lojas, que ultrapassa os 50.

Até agora o empregador de referência no retalho de moda em Espanha, a Acotex estava encarregue por negociar acordos sectoriais e representa os interesses dos seus associados em algumas províncias, incluindo outros gigantes como a Tendam. Mas a concorrência da nova estrutura pode mudar a relação de forças no sector.

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