05 julho 21
Mão-de-obra

Cláudia Azevedo Lopes

Inarbel pede medidas para o problema da mão-de-obra

A braços com falta de mão-de-obra, que está a comprometer a entrega de encomendas, a Inarbel pede medidas ao Governo para enfrentar o problema que está a estrangular a competitividade da indústria. E aponta à forte carga fiscal sobre empresas e trabalhadores que torna mais vantajoso parar a produção do que continuar a laborar.

“Tenho encomendas que não consigo entregar porque me faltam trabalhadores para as executar. Agora o estado diz que vai continuar com os apoios às empresas, com o lay-off, mas isso a mim não me interessa porque já tenho as matérias-primas compradas e quero é trabalhar. Já tenho os produtos em marcha e não os vou conseguir entregar dentro do tempo”, revela José Armindo Ferraz, o CEO da Inarbel.

Para esta situação, o empresário diz que está a contribuir a fortíssima carga fiscal que o estado impõe às empresas e trabalhadores e que torna mais vantajoso parar a produção do que continuar a laborar.

“Vou ao centro de emprego pedir 30 ou 40 trabalhadores e só consigo contratar quatro ou cinco. Os restantes não estão interessados porque não lhes compensa trabalhar com o que têm de pagar de impostos e para a segurança social”, descreve, sugerindo que uma redução desta carga fiscal poderia representar um atrativo para trazer mais mão-de-obra para a têxtil. Por outro lado, José Armindo Ferraz entende que a par da competitividade das empresas, a forte carga fiscal está também a por em causa a longevidade e vitalidade do setor têxtil.

“Estamos a trabalhar nas encomendas da coleção de inverno, que já foi apresentada aos clientes com uma tabela de preços. Entretanto, já subiram os custos da energia, do transporte, já subiram os impostos…. Mas eu já tenho os preços feitos e não os posso mudar. Não posso chegar ao cliente e dizer: vou subir em 10% o preço tabelado porque entretanto surgiram outros custos que tenho de suportar. Não se podem mudar as regras a meio do jogo”, reclama o empresário, que sente que este é um problema que afeta todos players do setor. “Todos os empresários com quem falo queixam-se do mesmo”, completa.

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