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Há demasiada incerteza no ar, mas as empresas da nossa ITV já se habituaram a viver sem o conforto da sensação de pisarem terra firme – e por isso, na sua generalidade, estavam satisfeitas com a maneira como correu o primeiro dia da Munich Fabric Start, que abriu ontem as portas e fecha amanhã ao fim da tarde.
“Nós estamos a trabalhar bem, mas notamos que há menos gente. Há stands de turcos sem ninguém, com os vendedores sentados sozinhos à espera que entre alguém com uma encomenda”, conta Gabriela Melo, diretora de Criação e Design da Somelos.
A Alemanha é um mercado muito importante para a Somelos, até porque está na vanguarda do paradigma do novo normal, em que todos temos de nos habituar a viver, em que se consome menos mas melhor – os consumidores preferem comprar vestuário de qualidade que dura mais tempo.
“Os clientes alemães não discutem preço, mas sim qualidade e prazos de entrega. Não querem farrapos”, conclui Gabriela Melo.
Jorge Lopes, diretor comercial da Vilarinho, assina por baixo as opiniões da diretora criativa da Somelos: “A Alemanha é e continuará a ser o motor económico da Europa. O poder económico está aqui “.
“Hoje o dia foi francamente positivo e muito movimentado. Nem tudo o que entra são clientes interessantes, mas a média tem sido muito boa”, acrescenta Jorge Lopes, que viveu na Alemanha os primeiros 15 anos da sua vida e é um veterano que debutou na têxtil com Eurico de Melo, na De Melo, e estava na TMG antes de se transferir para a Vilarinho.
O optimismo era também a nota dominante no stand da 6Dias. “Não paramos um bocadinho”, diz-nos Patrícia Dias, que só a meio da tarde teve uma pausa para registar todos os contactos feitos desde o início da feira.
“A seguir a Portugal, a Alemanha é o mercado mais importante para nós. O dia correu bem. Além de alguns contactos novos recebemos a visita dos nossos clientes habituais, num sinal de que somos um parceiro que valorizam”, relata John Gomes, da Modelmalhas (grupo Sonix).
Também satisfeito, estava João Coutinho, da Fashion Details, até porque nove das dez amostras que enviou para a organização da Munich Fabric Start foram seleccionadas e estão expostas no Fórum de Acessórios da feira.
“Na última edição fizemos 90 contactos. Nem todos deram origem a negócios reais mas foi muito bom. E este ano vamos pelo mesmo caminho”, conta João Coutinho.
Mais desanimado estava o estreante Fernando Abreu, da José Abreu, uma empresa de Gaia que tem nos forros o principal produto – e que resolveu apostar na exportação, depois de nas duas primeiras gerações ter vivido do mercado interno.
Em particular, Fernando lamentava-se do facto da sua empresa não ter a capacidade instalada que lhe permitisse aceitar a aliciante de encomenda de um cliente que entrou pelo stand dentro desafiando a fornecer-lhe um contentor de forros por semana.