Mariana D'Orey
A falta de técnicos, nomeadamente de tecelões, afinadores e debuchadores é uma das grandes preocupações da Somelos a propósito do futuro da indústria têxtil nacional. “Se nada for feito daqui a cinco anos não vamos ter no mercado nacional pessoas a saber trabalhar nestas áreas”, afirma Gabriela Melo, Diretora de Criação e Design da Somelos.
O problema não é novo mas a tendência é a de que se venha a agravar em força na próxima década. Em causa a falta de mão de obra nas áreas mais técnicas da indústria têxtil que, na opinião de Gabriela Melo, pode colocar em causa todo o sector num momento em que o From Portugal está a ser mais valorizado mais do que nunca no resto do mundo.
“Os poucos técnicos que temos no mercado, que são excelentes, vão-se reformar nos próximos anos e depois disso não vamos ter ninguém para dar a resposta necessária. Esta é a maior consequência do fim das escolas técnicas”, avança a Diretora de Criação e Design da Somelos.
“É um paradoxo porque agora que queremos ser vendedores e que estamos a ganhar escala internacional muito favorável enquanto país vamos deixar de ter pessoas para produzir. O pior que nos pode acontecer é ter de importar mão de obra como já acontece noutros países”, acrescenta Paulo Melo.
Entre as soluções apontadas, a Somelos sugere que possa ser criado um modelo de formação que valorize estas técnicas imprescindíveis ao sector. “Estas pessoas quando já reformadas poderiam ser convidadas a dar formação, naturalmente com incentivos financeiros, para assim conservamos o know how e darmos continuidade ao legado”, sugere Gabriela Melo. A Diretora de Criação e Design da Somelos propõe que essas formações mais práticas podem ser articuladas com o IEFP.
“Também é fundamental comunicar melhor a área da indústria. Neste momento os serviços estão mais conectados com as pessoas”, reflete Paulo Melo lembrando que a progressão e a possibilidade de evoluir na carreira é muito maior na indústria do que nos serviços.