12 fevereiro 20
Comércio mundial

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Coronavírus já ‘infetou’ fornecimentos têxteis vindos da China

O coronavírus já está a afetar o coração da indústria de fornecimento do setor têxtil e da moda no ocidente: a epidemia obrigou ao fecho de fábricas e à limitação de remessas, o que está a condicionar a produção de todas as grandes marcas mundiais de roupa. E as próximas campanhas estão em risco – ao mesmo tempo que, se se mantiverem as restrições, é possível que um outro surto venha a afetar o setor: a inflação

Os grupos que concentram os seus suprimentos na China serão as mais afetadas. Ao contrário, as geografias afastadas do epicentro do coronavírus estão a receber novos contratos. Portugal, Turquia e Marrocos são os países para onde a maioria das empresas está a olhar, uma vez que tudo o que está na Ásia – desde o Vietname ao Cambodja – são por estes dias regiões a evitar.

No total, a China exportou quase 250 mil milhões de euros em têxteis e moda no ano passado, pelo que um leve desassossego na sua produção é capaz de gerar um enorme desequilíbrio no comércio mundial. A medição do ‘efeito coronavírus’ ainda não é possível, dado que tem diretamente a ver com o período de tempo em que houver necessidade de contenção e quarentenas no ativo.

Entre as marcas mais afetadas estão grandes grupos de distribuição especializados em commodities, como a Primark ou a H&M. O grupo irlandês é uma das mais expostas a interrupções na produção na China, onde está localizada metade das fábricas com as quais o grupo trabalha 525 em 1.033. Por seu turno, o grupo sueco tem como fornecedores 952 fábricas na China (a que soma 350 no Bangladesh, outra geografia a evitar).

Já a Inditex possui uma cadeia de suprimentos mais diversificada devido ao seu próprio modelo de negócios. A China é o principal fornecedor da gigante galega (449 fábricas chinesas para isso contribuem), mas o seu peso sobre o total de fornecedores não excede os 30%.

No caso da Tendam, a exposição às fábricas chinesas é de 36%. Por seu lado, a Mango concentra 60% de sua produção em geografias distantes, mas desde 2018 tem insistido na Turquia e em Marrocos – apesar disso, a China continua a ser o seu maior fornecedor.

O mesmo acontece com a C&A: trabalha com 283 fábricas. Gap, Ralph Lauren, e a japonesa Fast Retailing, são outras marcas que também têm forte exposição ao mercado chinês.

 

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