T45 - Julho/Agosto 19

Que há de novo este ano na moda de Verão?

Por muito que mudem padrões, cores, motivos e soluções, a indústria e o design de moda para a praia segue o itinerário da generalidade do setor: inovação e qualidade, acrescentados de um cuidado especial no pormenor e de uma fixação no bom gosto. Não podia ser de outra forma, até porque neste segmento particular há vários exemplos de empresas que estão a explorar a capacidade de criar marcas e a seguir as rotas da internacionalização

António Freitas de Sousa

O regresso à praia e aos lugares que lhe estão associados são só por si um negócio dentro do negócio do têxtil. Normalmente ocupado por empresas de nicho, este segmento ganhou vida própria e tem vindo a desenvolver-se dentro do mesmo figurino que as suas congéneres mais generalistas: mercado interno em primeiro lugar, internacionalização das marcas depois e uma aposta determinada na participação em feitas e eventos transnacionais como forma de consolidar a marca.
Ao observar-se o nicho de mercado, é possível constatar que, apesar de um ambiente de forte concorrência, o segmento assume uma assinalável capacidade de gerar valor-acrescentado – ao mesmo tempo que produz moda. É, por outro lado, um nicho que, ao contrário de outros, permite uma interpenetração vantajosa com outros setores, como sejam a marroquinaria, acessórios e o calçado, entre outros.
Não sendo o mais polivalente dos nichos de mercado – principalmente no que tem a ver com as soluções para homem – será natural que alguns aspetos que marcam todos os anos a moda para a praia se vão repetindo ou que sazonalmente regressem às páginas dos figurinos. Mas esta caraterística tem ao menos a ‘bondade’ de trazer o design para o topo do sistema.
Uma viagem por algumas das principais marcas do design para a praia permite dar pistas para o que devem os homens e as mulheres (e as crianças) vestir este ano, quando estão apenas a poucos centímetros qudrados de ficarem nus!
A estilista Fátima Lopes apresentou para este ano “uma coleção muito completa, desde a praia, linha de banho, a uma malinha de executiva super-elegante (cada vez mais as executivas precisam de peças femininas). O que desenhei para este ano foram triquinis superfemininos, pensados para valorizar a silhueta – porque é muito mais elegante que o biquini ou que o fato de banho, porque é um misto das duas”.
Para Fátima Lopes, os triquinis têm “várias misturas de cores, cores muito fortes, brinquei com o vermelho e branco, o azul ‘clein’ e o branco e com o preto, o amarelo vivo.

Bow
Baseou-se nos tons pastel, frutas e flores, que servem tanto para o homem como para a mulher
As cores mais fortes são as mais adequadas ao verão – foi uma linha de vários modelos diferentes, mas a linha para este ano a tendência são os triquinis.
E quando a mulher vai ao bar de praia, chega o triquini? Nem pensar: “desenhei uma linha de tíunicas em seda transparente, muito finas, para por por cima dos fatos de banho, que ficam super-elegantes; não esconde o fato de banho, realça-o, mas a mulher não se sente desconfortável. Não valoriza nada, valoriza tudo”.
Fátima Lopes investiu também numa linha de sandálias para a praia, igualmente com cores fortes, “mas onde se encontram os tons pastel”. “Há anos que não desenho linhas de toalhas”, refere a designer, para concluir que pode sempre voltar a fazê-lo. Talvez para o ano.
Para Inês Rodrigues Pereira, da Kitesse, “o fato de banho continua em grande, continua a ser uma das tendências. Em termos de padrões, as bolas regressaram e tiraram espaço às riscas, assim como estão presentes os padrões tropicais, desde folhagens com frutos, frutos sozinhos, folhagens sozinhas. E cores fortes”.
Mas a designer também dá margem para o triquini: “não é só este ano que está na moda, mas confesso que, por uma questão do corpo da mulher, diria que o faro de banho continua a ganhar ao triquini”. Quanto à ida ao bar ao lado da praia, “a tendência é o camiseiro, sem dúvida nenhuma”.
Para Inês Fortunato, da Kaya, “este ano a mulher está à procura de mais fatos de banho mas um pouco mais confortáveis: a cintura subida é uma das tendências deste ano; em termos de cor, o ano é marcado pelo terracota, que está a ser um ‘best seller’ que substitui claramente o preto. Há também estampados, mas este ano mais discretos; claro que o tropical e os padrões típicos do verão acabam sempre por não passar de moda, há quem os procure sempre, mas este ano a tendência é para cores mais básicas e padrões mais lisos”.
A Kaya tem também acessórios de praia, nomeadamente almofadas: “a nossa marca nasceu com as almofadas e temos vindo a aumentar a gama de produtos, nomeadamente temos umas mochilas térmicas, as novas lancheiras de praia e este ano lançámos uma linha de criança.
Kitess
O fato de banho continua em grande, reinando os padrões tropicais com frutos e folhagens
As pessoas gostam de ir com os bens essenciais: a almofada tem um acrescento de conforto e pode ‘jogar’ com as mochilas (que se levam aos ombros) – e que se vendem a partir de 45 euros (a mais pequena)”.
A Bow, segundo Marta Vilar, “baseou-se nos tons pastel, que estão muito na moda, frutas e flores, que para mim estão sempre na moda – e que na minha marca estão presentes desde o início – e peças com bom corte mas cada vez mais simples. E os padrões servem tanto para o homem como para a mulher. Fazemos também chapéus de criança, toalhas de criança com capuz e toalhas de praia”, onde os padrões que a Bow usa nos fatos de banho se repetem.
Vários designers – Marta Fonseca (Latitide) e Elliote Silhol (Vaguedivague) foram dois deles – recordaram que já estão, enquanto autores de produto, “a trabalhar na estação do verão do próximo ano, o deste ano já é passado”, mas uma ‘espreitadela’ nos sites que servem de montra às suas coleções permite inferir que a ‘receita’ não se altera em substância e que verão, até ao seu defeso, já tem o desenhor programado.
Regressando à indústria ‘hard’, Artur Soutinho, da Moretextil, explicou que “produzimos toalhas e a tendência é sempre a oferecer produtos mais leves, em vez da toalha tradicional, muito pesada, e multifuncionais, que servem como toalha propriamente dita ou como o chamado ‘pareo’, que as senhoras usam muito quando saem da praia, ou até para almofada, para guardar as coisas mais pessoais – têm bolsos”.
Vestindo o papel de gestor de produto, o administrador da empresa disse ainda que “temos desenvolvido, com estas caraterísticas, toalhas familiares, gigantes, que convidam uma família, um grupo de amigos, a usar a mesma toalha. O interessante é que é, no entanto, uma toalha leve, tendo sempre um saco, desenhado para cada padrão das toalhas, que serve para outras funções”.

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