16 junho 20
Desporto

T

Moda tenta alterar as regras dos patrocínios desportivos

Entre tantas outras consequências da Covid-19, uma das de maior impacto – tanto social como de negócio – foi o cancelamento de eventos desportivos (desde logo os Jogos Olímpicos), que lançaram no caos o relacionamento entre clubes desportivos e patrocinadores, muitos deles ligados ao setor do vestuário. Agora, numa altura em que tudo tem de ser revisto, o modelo Nike-Liverpool parece estar no topo das renegociações e a sua grande novidade é o aumento dos patrocínios variáveis em detrimento de uma renda fixa.

O acordo assinado no passado mês de janeiro entre a gigante norte-americana de moda desportiva e o clube britânico “estabelecerá os padrões de patrocínio na era pós-coronavírus”, de acordo com um relatório da consultora Global Data. A Nike pagará ao Liverpool menos patrocínios fixos que seu antecessor (a New Balance), mas aumenta os patrocínios variáveis, que podem chegar aos 20% do total (a New Balance pagava 7,5%).

Especificamente, a Nike pagará 30 milhões de libras como patrocínio básico, à qual deverão ser adicionados royalties de 20% pela venda de merchandising (5% no caso do calçado), quatro milhões de libras se a equipa vencer a Liga dos Campeões, dois milhões se apenas chegar à final e outros dois milhões se vencer na Premier League britânica.

Segundo a Global Data, a tendência não é nova, mas parece estar a impor-se devido aos ajustes nos investimentos que todas as suas marcas estão a realizar após a crise da Covid-19. “Nos últimos anos, o forte investimento em marketing de duas ou três marcas elevou os preços, porque as empresas menores tiveram que aumentar as suas ofertas para competirem”, afirma a consultora. O objetivo era garantir os contratos, pagando-se taxas fixas muito elevadas.

Mas as marcas que tentaram ‘roubar’ clubes a outros patrocinadores com a entrega à cabeça de cheques avultados parecem querer voltar atrás – num quadro em que o retorno dos seus investimentos caiu abruptamente.

Os atraso nas competições também estão a levar alguns patrocinadores a alegarem quebra de contrato. É o caso da Nike na Polónia e da Puma na Suíça. As marcas de moda representam 15,2% do total de contratos de patrocínio desportivo. O maior contrato ativo é o mantido pela Nike e pelo FC Barcelona, que inclui uma taxa anual de 175 milhões de dólares entre 2018 e 2023. A Nike também ocupa a segunda e a terceira posições na tabela mundial: o patrocínio a National Football League American (NFL, com 150 milhões) e a NBA (125 milhões). A Adidas e o seu contrato com o Manchester United (100 milhões de dólares) vem logo a seguir.

Partilhar