Cláudia Azevedo Lopes
Foi com uma enchente de visitantes prontos para surfar a onda da sustentabilidade que o MODtissimo 54 abriu portas esta manhã, com um espaço expositivo totalmente lotado e já a certeza de um aumento considerável no registo de compradores estrangeiros. “Tivemos um aumento muito significativo de visitantes durante a primeira hora do MODtissimo, em comparação com a edição homóloga. Em termos de expositores, conseguimos crescer o que o espaço permite, sem contar com a novidade do See Now Buy Now Market, onde só aí tivemos mais 40 expositores”, congratula-se Manuel Serrão, CEO da Associação Selectiva Moda.
Um espaço novo de venda direta ao público que conta também com uma área dedicada à roupa em segunda mão, o Second Chance, onde várias influencers disponibilizam peças dos seus armários pessoais. “Estou muito curioso com o resultado. Fui ver o espaço como consumidor e encontrei oportunidades de negócio magníficas, especialmente no Second Chance”, revela o CEO.
Mais um passo em direção à sustentabilidade, que é, nas palavras de Manuel Serrão, “transversal a todos os presentes – expositores e compradores. Somos uma nova comunidade, que está toda na mesma onda verde”.
Ou não estivesse esta edição sob o mote New Community, que conseguiu contagiar até os visitantes estrangeiros – mais 15% do que na edição passada. “Portugal e Espanha têm de se unir. Partilhamos muita história têxtil, que perdemos para o sudoeste asiático mas que agora temos que resgatar. Temos que passar a imagem de uma indústria ibérica de qualidade, coesa e unida. É uma maneira de gerar emprego e criarmos riqueza para o nosso território”, sentencia Paula Gorine, da Asociación de Moda Sostenible de España, que se dedica a auxiliar pequenos designers a encontrarem matérias-primas sustentáveis para as suas coleções, na foto com Marina Lopes, presidente da associação.
“Portugal é mais inteligente do que Espanha. Vocês estão a trabalhar e a conseguir dar a volta. Espanha ainda não começou a fazer nada…”, constata a presidente.
À procura principalmente de tecidos orgânicos e reciclados, uma das grandes bandeiras da nossa ITV, a presença no MODtissimo é uma oportunidade de “falar diretamente com o produtor, conhecer as condições em que o produto é feito, a história que está por detrás, ter essa certificação, tocar nos tecidos e sentir a qualidade. Não importa o preço. A indústria da moda habituou-nos a preços muitos baixos mas esse preço não é real, alguém sai prejudicado. O preço é importante. Não o preço baixo mas o preço justo”, completa Paula Gorine.
Vinda da República Checa, a designer de moda Mirka Talavaskova ganhou o seu bilhete dourado para visitar o MODtissimo num concurso de estilistas organizado pelo Islamic Fashion Council, no Dubai, um dos principais mercados da sua marca Talabaya.
“A indústria têxtil portuguesa é lendária. Espero encontrar aqui novos fornecedores e novos produtores, especialmente aqueles que estejam dispostos a trabalhar com designers de pequena dimensão, como eu”, revela a estilista.
Os acessórios em pele são um dos focos de Mirka, que vê na qualidade portuguesa a verdadeira essência da sustentabilidade. “Hoje em dia fala-se muito nos materiais sustentáveis e apesar de serem importantes, não são a equação completa. Temos de consumir menos. Para mim sustentabilidade é, tal como quando eu era pequena, comprar uma peça de roupa de qualidade, que dure muito tempo, e usá-la até ao fim. É para isso que oriento os meus trabalhos e é isso que espero encontrar aqui: qualidade”, assume a estilista checa.
PS – E porque o MODtissimo também já faz parte da história do Porto, há à ao final da tarde deste primeiro dia (19h) uma sessão especial do “Porto Legends – The Undergound Experience”, destinada exclusivamente aos expositores e visitantes. E até com um preço especial de 12€, basta que cada uma apresente na bilheteira a a respectiva credencial. O espectáculo virtual que enaltece cultura e história da cidade e região norte tem lugar nas caves do próprio edifício da Alfândega, com 45 minutos de duração.