6 Março 2017
Têxteis técnicos

José Augusto Moreira

Lipaco prepara-se para lançar fios com efeito reflector

Depois das fibras resistentes ao fogo, a Lipaco vai lançar em breve fios com efeito reflector destinados ao fabrico de vestuário de desporto e segurança. “O efeito é idêntico ao dos coletes reflectores que temos nos automóveis. A novidade é que enquanto até agora esse efeito é aplicado por estampagem, com os novos fios passa a ser uma característica do próprio tecido”, adianta Jorge Pereira, CEO da empresa de linhas para confecções de Esposende.

O novo produto, que está a ser desenvolvido com o CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnico, Funcionais e Inteligentes e CITEVE, não é, no entanto, a única novidade, já que a empresa está a produzir há algumas semanas um novo fio que desenvolveu com clientes dos sectores da aeronáutica e automóvel, mas cujas características estão resguardadas por um compromisso de confidencialidade. “A produção começou no início de Fevereiro e o contrato obriga à não divulgação das características do produto durante um determinado tempo”, diz o responsável da Lipaco, adiantado apenas que se trata de um cliente português e outro da Alemanha.

As fibras ignífugas, de meta aramida, ultrapassaram nas últimas semanas a fase final de concepção e estão já na linha de produção, depois de nos últimos meses e empresa ter lançado também para o mercado um fio de poliéster hidrófilo, que permite que o tecido liberte para o exterior a humidade da respiração corporal. Há muito que a Lipaco produz também fios específicos para a área da saúde, de que o exemplo mais conhecido é o fio dental.

Em termos de novidades, a empresa esta agora a produzir também linhas para o sector do calçado, depois de no ano passado ter apostado no IRR, um fio para a área militar que não é detectado por armas com infravermelhos. “Já se faziam tecidos que não eram detectados, mas não havia solução para as costuras. Apresentamos uma ao mercado, em resposta ao desafio de um cliente polaco. Quanto ao calçado estamos ainda a dar os primeiros passos. Para já representa uns 3 a 4% da produção mas estamos convencidos que crescerá muito nos próximos tempos”, sustenta o CEO da Lipaco.

A inovação e a procura de produtos diferenciados tem permitido à empresa conquistar novos clientes e as encomendas não param de chegar dos mais diversos países. A empresa, que nasceu há cerca de 30 anos para produzir linhas de costura, viu-se obrigada no ano passado a investir 1,5 milhões de euros para duplicar as instalações, e já este ano tem previsto idêntico montante para duplicar a capacidade de tingimento e de acabamento. Ou seja, da garagem onde começou a laboração a Lipaco passou na década anterior para um pavilhão industrial com 1500 metros quadrados, área que mais que duplicou no ano passado e este ano atingirá os 6 mil metros quadrados.

O grande salto veio depois da instalação do laboratório com equipa de investigação interna e o crescimento tem sido consequência directa da procura e da necessidade de respostas rápidas. “Tivemos que aumentar a capacidade de produção para poder responder com rapidez e isso traz-nos cada vez mais encomendas. O cliente que pedia 20 ou 30 quilos de fio de repente quer 700 ou uma tonelada e tudo no mesmo prazo. Isso obrigou-nos a aumentar a capacidade de produção”, explicou ao T Jornal o comercial da empresa, Henrique Silva, no decurso da MODtíssimo e ainda na ressaca dos muitos contactos feitos na Ispo.

A par do investimento no laboratório, investigação interna e aumento das instalações e capacidade de produção, Jorge Pereira explica que a Lipaco passou de 16 para 47 colaboradores. O crescimento tem sido na média dos 20% ao ano com vendas que em 2016 atingiram os 2,5 milhões de euros.

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