03 dezembro 19
Investigação

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Investigador de Coimbra ‘veste’ eletroencefalogramas

O investigador Manuel Reis Carneiro, do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), desenvolveu um dispositivo têxtil vestível (do inglês wearable) e eletrónico, de baixo custo e reutilizável, que permite a realização de eletroencefalogramas de forma bastante mais confortável e durante períodos bem mais longos que a tecnologia atualmente utilizada.

Assim, no futuro, realizar um eletroencefalograma, ou EEG, exame bastante utilizado para avaliar a atividade cerebral, será muito mais simples e cómodo para o paciente. Este inovador dispositivo baseado em eletrónica flexível, tecnologia que permite criar circuitos eletrónicos elásticos (maleáveis), é constituído por uma banda têxtil onde estão inseridos elétrodos não rígidos ultrafinos produzidos através de uma tinta específica que facilita a interface entre o aparelho eletrónico e a atividade cerebral, desenvolvida no Laboratório de “Soft and Printed Microelectronic” (SPM-UC) do ISR no âmbito de um outro projeto de investigação – Stretchtronics.

Atualmente, a eletroencefalografia é efetuada com elétrodos rígidos metálicos colocados no couro cabeludo, que se tornam desconfortáveis ao fim de algum tempo. Para além disso, os atuais sistemas são de grande dimensão, usam muitos fios, demoram tempo a preparar e exigem um técnico especializado, confinando a monitorização de pacientes a um laboratório ou hospital.

O dispositivo electrónico vestível desenvolvido pelo investigador do ISR ultrapassa essas limitações, podendo “ser colocado no paciente de forma extremamente simples e rápida por qualquer pessoa e, como é têxtil e os elétrodos são altamente flexíveis, permite a realização de exames ao longo de muito mais tempo, pois não se torna desconfortável, garantido a mesma qualidade dos atuais dispositivos utilizados na medicina”, explica Manuel Reis Carneiro (à esquerda na foto em baixo).

Pensado inicialmente para ser aplicado em serviços de urgência, “onde nem sempre está disponível um técnico especializado para a realização do exame, possibilitando assim que qualquer profissional coloque o dispositivo e fique a conhecer a condição do doente”, o potencial de aplicação deste dispositivo vestível da próxima geração é vasto, refere o investigador.

Manuel Reis Carneiro e Mahmoud Tavakoli

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