António Moreira Gonçalves
A protecção civil francesa e as polícias da Suíça e da Holanda fazem já parte da carteira de clientes da Axfilia, mas a empresa de Barcelos, fundada por Maria José Machado, quer mais, e continua a apostar em produtos inovadores. Uma das apostas ganhas está nas meias para forças militares, que foram já integradas numa missão portuguesa e em dois anos quadruplicaram as vendas.
“Recordo-me de uma conversa em que um general me disse: ‘um soldado sem boa cabeça e sem bons pés não é um soldado. E muitas vezes esquecemo-nos de proteger os pés”, conta Maria José Machado, sobre um dos recentes investimentos da Axfilia, a empresa que fundou em 2012 e que actualmente comercializa vestuário profissional, de protecção e de segurança para vários países europeus.
As meias militares foram, aliás, a evolução natural a partir das meias de trabalho, mas representam já um mercado autónomo, que tem trazido cada vez mais retorno. “Já fornecemos algumas forças militares europeias e posso dizer que o negócio das meias mais do que duplicou de 2017 para 2018 e este ano a tendência repete-se e já quase duplicamos o valor do ano passado”, afirma a líder da empresa, sem querer revelar números.
Uma das forças militares que calça as meias da Axfilia é a missão portuguesa na República Centro-Africana, cerca de 200 operacionais, sobretudo paraquedistas, a atuar no contexto de uma ação de paz da ONU.
O sector militar representa um desafio técnico no qual a Axfilia procura destacar-se. “Um exército enfrenta ambientes extremos, ou muito quentes, ou muito frios, e temos de ser capazes de criar meias confortáveis, respiráveis, que não provoquem feridas, com características antibacterianas, e que possam ser utilizadas por vários dias nestas condições”, salienta a CEO da empresa, que antes de fundar a Axfilia foi directora de Desenvolvimento e Negócio do CeNTI.
No entanto, o maior entrave que a empresa tem enfrentado é efectivamente o desinteresse por parte das forças armadas em meias de valor acrescentado. “Mesmo os fabricantes de calçado reconhecem: ‘uma bota espectacular torna-se péssima se for utilizada com uma péssima meia’, mas as meias continuam a ser o parente pobre e a ser esquecidas pelos clientes”, lamenta.
A Axfilia procura lutar contra esta realidade ao assumir não só o papel de fabricante, mas também de consultor, fornecendo informação sobre as várias tecnologias disponíveis e os modelos que mais se apropriam a cada necessidade. “É algo que já fazemos, por exemplo no vestuário de trabalho, com empresas que trabalham em temperaturas negativas”, revela a empresária.
É também esta a faceta que a Axfilia procura afirmar na Milipol, a principal feira militar da França, a decorrer em Paris até esta sexta-feira. Para além da empresa de Barcelos, a comitiva From Portugal conta ainda com a presença da A.Sampaio, da Penteadora, da Latino e da Lavoro.