13 Dezembro 2017
Contextile 2108 - Bienal de Arte Têxtil

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Ann Hamilton visita o têxtil em Guimarães em busca de inspiração

Ann Hamilton, artista plástica norte-americana, vai estar a partir desta quarta-feira e durante cinco dias em Guimarães com o objectivo de perceber a realidade cultural portuguesa, o território do Vale do Ave e a indústria têxtil. Uma visita em busca de “inspiração” para uma criação artística conceptual, a ser apresentada durante a Contextile 2018, a 4.ª edição da Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, que vai decorrer na cidade-berço, entre 1 de Setembro a 20 de Outubro de 2018.

Este evento artístico, que tem o apoio da Câmara de Guimarães e da indústria têxtil, foi visitado por 80 mil pessoas nas três edições anteriores (2012, 2014 e 2016). A aposta para a edição do próximo ano é Ann Hamilton, professora do Departamento de Arte da Universidade de Columbus/Ohio, e que tem obras expostas no Museu Guggenheim. “Trata-se de uma das artistas de maior reconhecimento internacional, tendo recebido os mais variados prémios norte-americanos e fora de portas”, avança a organização.

Reconhecida enquanto artista contemporânea, que trabalha com o material têxtil de uma forma conceptual e em contexto, Ann Hamilton é também destacada pelo envolvimento sensorial das suas instalações multimédia e em grande escala.

Ao longo dos cinco dias que vai estar na região de Guimarães, Ann Hamilton visitará diversas unidades fabris em actividade e já desactivadas, bem como espaços museológicos e outros, de modo a fazer um reconhecimento do terreno e procurar a inspiração do lugar. Será na região do Vale do Ave e de Guimarães que Ann Hamilton deixará uma instalação, o que seguramente trará outra projecção internacional ao evento.

A 4.ª edição da Bienal de Arte Têxtil Contemporânea -Contextile 2018 percorrerá diferentes espaços culturais e artísticos, de domínio público e/ou privado, com o apoio e parceria da autarquia vimaranense, entre outros.

“A crescente adesão da comunidade artística nacional e internacional, tem correspondido de forma empenhada ao nosso desafio permanente (e de missão…) que é o de colocar o têxtil no contexto da criação artística contemporânea. Mas, também, o acolhimento junto dos vimaranenses e de toda a comunidade deste território, que, queremos afirmar, de cultura têxtil”, escreve a organização da bienal.

Este ano, “a Contextile no seguimento da reflexão dos últimos anos sobre o mundo e o território que nos acolhe, e enquanto colectivo, gostaria de a partilhar com os artistas. Nesta sequência aponta um caminho comum e propõe que os trabalhos possam enquadrar-se nesta temática: IN-Orgânico”, acrescentam.

“(IN) Orgânico. O orgânico é compreendido como algo que está vivo, arraigado e resulta do acumular de camadas. Que se encontra em estado puro e faz parte da natureza de algo ou de alguém mas também que é essencial, fundamental, inato. O termo orgânico relaciona-se com órgão ou instrumento e daqui interessa retirar a mediação como processo – entrelaçando e deslaçando – e a comunidade como elemento fundamental do sistema que sustenta um território. Por outro lado, orgânico refere-se a sistemas vivos enquanto inorgânico à matéria não viva. Este jogo paradoxal entre o “ser” e “não ser” levou à decomposição da palavra e ao seu desmembramento, IN-ORGÂNICO, “dentro” do orgânico como forma de compreensão dos processos, do ser das coisas e da transformação do ser”, explicam.

A organização da bienal destaca três obras de Ann Hamilton: THE EVENT OF A THREAD, instalada em Park Avenue Armory, New York, cuja principal componente é o espaço: “Um quarteirão inteiro, uma antiga fábrica. No centro, um pano branco ao qual chama tempo…cortina que se movimenta no espaço em constante turbulência pelo peso dos baloiços e presença das pessoas. Nos extremos desta nave industrial duas mesas: de um dos lados uma mesa com dois leitores e do lado oposto um escritor que escreve à mão”.

Releva ainda de HABITUS Fabric Workshop and Museum (na foto) em Filadélfia, Pennsylvania, que consiste numa instalação que ela apelida de “cortinas de fiação”, de grandes dimensões cuja presença no espaço é activada através de 3 processos: o movimento do ar, acção mecânica do sistema e acção da mão do visitante. E que nos remete para a humanização do tecido.

E AGAIN, STILL, YET integrada na Exposição de Arte Contemporânea Internacional de Wuzhen, China. “Em Wuzhen, o TEATRO é ele próprio um TEAR. O fio é também luz e penumbra e o pano resulta do do fazer e desfazer. Um projeto que coreografa as qualidades do espaço e procura captar as subtilezas dessas qualidades. Cada intersecção é produto e resultado de um acto social que se materializa no espaço e no pano tecido”.

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