T52 - Abril 20
Empresa

Recém-nascida que já dá cartas em Itália

"O meu objectivo é desenhar peças intemporais para crianças, como crianças que são, para ocasiões especiais", explica Cristina Campelo Ribeiro, a designer por detrás da B'Lovely, uma marca criada com o Reino Unido como público alvo, mas que também já conquistou o coração dos italianos

Cláudia Azevedo Lopes

Quando em 2017 foi abordada por Florbela Santos para avançarem com uma marca de roupa infantil, a designer Cristina Campelo Ribeiro não era marinheira de primeira viagem. Antes pelo contrário, trazia consigo mais de 20 anos de experiência na moda infantil.

Licenciada em Design de Moda pelo CITEM de Lisboa, onde teve como professores Mário Matos Ribeiro e Eduarda Abbondanza, começou a trabalhar para as marcas Abacate, Alcachofra e Pears.

Após o nascimento dos três filhos, faz uma pausa de dez anos na carreira e regressa com um projeto próprio, a Teen Girls, uma loja de roupa para adolescentes. Mas depressa viu que o seu maior gosto eram as crianças e regressa à moda infantil com a marca da T’Chap, direcionada para as gangas de bebé e criança. Mais tarde, querendo trabalhar outro tipo de peças, cria a Petit Point, loja que mantinha em Lisboa quando surgiu o desafio de Florbela Santos. Assim surgia a B’Lovely.

Estávamos em 2017 e o ano que se seguiu foi gasto a desenvolver uma coleção que agradasse à criadora. Do desenho à escolha dos materiais e dos fornecedores, à procura pelos fabricantes e à demanda pelas bordadeiras e tricotadeiras capazes de trazer o requinte e o detalhe necessário às peças idealizadas.

O conceito foi a primeira coisa a surgir. Ambas queriam uma marca de gama alta, 100% feita em Portugal com os melhores materiais e direcionada exclusivamente para a exportação, em especial o Reino Unido. Até que o El Corte Inglês lhes trocou as voltas com uma proposta para fornecer a loja de Lisboa, que hoje representa cerca de 30% do volume de faturação da B’Lovely. Os restantes 70% são feitos na exportação.

Reino Unido, Itália, Alemanha, e Estados Unidos da América são alguns dos mercados onde a B’Lovely já marca presença. E mesmo que as terras de sua majestade tenham sido apontadas como o principal foco original, os italianos surgem taco a taco como os clientes mais significativos.

Para o grosso da produção, a marca conta com uma fábrica na região Norte onde 40 pessoas dão vida aos desenhos de Cristina. Para os trabalhos mais pequenos são utilizados várias fábricas nos arredores de Lisboa, para além das artesãs que dão detalhe e luxo aos artigos. “Os smocks demoram uma eternidade a fazer. As malhinhas a mesma coisa. Tudo à mão. É constante a ida às costureiras. Ligam-me e dizem: Cristina, não sei como devo fazer este ou aquele pormenor e lá vou eu a correr”, relata.

Um trabalho que compensa, apesar dos percalços que fizeram com que só em Junho deste ano a marca estivesse a laborar a 100%. Prova disso é o sucesso que a coleção, com cerca de 250 peças, faz nas feiras: em 2018, a B’Lovely foi convidada a participar nos desfiles diários da Pure London, e em 2019, na Pitti Bimbo, a Casting Bambini e a Vogue Kids Itália fizeram uma sessão fotográfica com os artigos da marca.

Agora sozinha no projeto – absorvida por outros projetos, Florbela Santos não pôde continuar – Cristina quer levar a B’Lovely para a frente.

“O meu objectivo é crescer e consolidar a marca. Desenhar peças intemporais para crianças, como crianças que são, para ocasiões especiais. Mais que seguir uma moda pretendo nas minhas peças ter uma filosofia versátil e artesanal, permitindo que hoje sejam usadas pelo filho, amanhã pelo neto. Não quero fazer peças de usar e arrumar e nesse sentido privilegio o uso de materiais sustentáveis de qualidade com texturas modernas e atuais e a mão de obra e confecção portuguesa que penso ser inigualável”, resume Cristina.

A Empresa

B’Lovely - Kind and Happy, lda
Rua Ernesto Alves nº16
2040-411 Rio Maior

O que faz? Roupa de bebé e criança de estilo mais clássico Mercados Os melhores contactos e clientes são no Reino Unido e Itália, mas começa também a crescer para Alemanha e EUA Fornecedores Sempre que possível os nacionais, como a Somelos e a Vilarinho Clientes em Portugal El Corte Inglés Objetivo Consolidar e dar a conhecer a marca

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