T80 - Fevereiro 23

Como olha a crescente internacionalização do MODTISSIMO?

Os dados do último MODTISSIMO, o 60º, não deixam dúvidas: estiveram nos pavilhões da Exponor 485 compradores internacionais, que contactaram com dezenas e dezenas das empresas presentes, ombro a ombro com os 4854 os compradores nacionais. O caráter cada vez mais internacional da mais antiga feira têxtil da Península Ibérica decorre de fatores endógenos, mas também exógenos.

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Os dados do último MODTISSIMO, o 60º, não deixam dúvidas: estiveram nos pavilhões da Exponor 485 compradores internacionais, que contactaram com dezenas e dezenas das empresas presentes, ombro a ombro com os 4854 os compradores nacionais. O caráter cada vez mais internacional da mais antiga feira têxtil da Península Ibérica decorre de fatores endógenos – é uma opção da organização, que surge como resposta aos anseios de um número crescente de expositores – mas também exógenos: a pandemia colocou semáforos vermelhos (que entretanto passaram a amarelo intermitente) nos caminhos de acesso ao extremo oriente e a União Europeia percebeu que pouco tinha ganho com a industrialização, nomeadamente no que tem a ver com a segurança de fornecimentos.

De qualquer modo, a aposta na internacionalização não é de agora: “Foi sempre uma das apostas da feira, principalmente a partir do ano 2000, sem pretensões de fazer concorrência às grandes plataformas continentais de Munique ou de Paris, mas ganhando o seu espaço”, disse Paulo Vaz, atual administrador da Associação Empresarial de Portugal (AEP) mas um eterno adicto ao sector têxtil.

Um périplo por algumas das empresas que tradicionalmente se encontram no MDTISSIMO permite concluir sem reservas que a crescente internacionalização da feira é um acrescento em termos de incentivo à sua presença, mas também uma forma de reforçar aquilo que é há muito uma ‘quase-obrigação’ do sector: a internacionalização.

“Foi no MODTISSIMO que começámos a lançar o novo conceito da Calvi e testámos a sua aceitação nos mercados internacionais, disse Miguel Lopes, administrador e acionista da empresa, para recordar que esse primeiro passo lhe abriu as portas da Colômbia.

“O A MODTISSIMO é e terá que ser um trampolim fundamental e crucial como elo de ligação” aos clientes estrangeiros que procuram “pequenas quantidades e coisas diferentes e muito difíceis de executar e claro está, mais bem pagas”, refere Paulo Faria, administrador da Paula Borges. “A internacionalização é neste momento a sobrevivência das empresas nacionais que optam pela alta qualidade e produto diferenciado”, diz ainda.

Para Nuno Almeida, administrador da Idepa, “os visitantes internacionais no MODTISSIMO são sem duvida uma mais valia para o cluster têxtil português.

A aposta não é de agora
“Foi sempre uma das apostas da feira, principalmente a partir do ano 2000, sem pretensões de fazer concorrência às grandes plataformas"
O caminho de potenciar internacionalização às empresas levado a cabo pelo MODTISSIIMO é sem duvida um facto e uma vantagem, A Idepa desde há muito tempo tem seguido o caminho da Internacionalização com presença em mercados externos, e claro que também aproveitamos a nossa presença no MODTISSIMO para captar mais clientes internacionais e solidificar relações já existentes”.

Já para Ana Maria Magalhães, administradora da Troficolor, “o MODTISSIMO tem vindo a registar um aumento do numero de visitantes de outros mercados, que procuram confiança e proximidade, bem como o know-how e a capacidade de inovação que a marca Portugal representa”. “Sendo nós presença assídua no MODTISSIMO, naturalmente beneficiamos com o facto deste evento atrair cada vez mais clientes internacionais, a cada edição recebemos novos contactos que na maior parte das vezes resultam em bons negócios”. Mas a empresária deixa um alerta sobre o ‘outro lado’ da internacionalização (o das empresas estrangeiras que vêm vender a Portugal): “a internacionalização do MODTISSIMO é uma evolução natural do certame, mas que tem que ser feita com os devidos cuidados: a seleção de expositores estrangeiros deverá ser realizada de forma a que o seu numero não asfixie o trabalho das empresas portuguesas”.

Para Mónica Afonso, administradora da Marjomotex, “a feira MODTISSIMO é importantíssima para o processo de internacionalização da Marjomotex. É das mais importante em que participamos e das que tem acrescentado mais valor em termos de carteira de clientes. Alguns dos principais clientes da nossa carteira atual vieram do MODTISSIMO e são de mercados europeus muito importantes para a nossa estratégia de negócio. Participar no MODTISSIMO é uma aposta ganha para internacionalização!”

Atenção merece também o alerta deixado por Susana Serrano, CEO da Acatel, para quem “o caráter internacional do MODTISSIMO não está suficientemente divulgado ao nível europeu” – o que vai contra “o grande potencial da feira. Há muita gente que não conhece o MODTISSIMO”, e isso só se resolve se os responsáveis da organização “tiver uma estrutura de divulgação e de comunicação como têm algumas concorrentes, como por exemplo a Première Vision, de Paris”.

MODTISSIMO 60
Estiveram nos pavilhões da Exponor 485 compradores internacionais
Para Susana Serrano, até as parcerias com outras feiras poderiam servir de instrumento de divulgação do MODTISSIMO, tudo no intuito de chamar ao Porto cada vez mais compradores oriundos de outros países. Mesmo assim, refere, “as coisas têm vindo a melhorar de edição para edição”.

“O MODTISSIMO é um instrumento que ajuda muito a internacionalização, uma vez que passou a ser uma feira onde encontramos muitos compradores internacionais”, refere por seu turno o CEO da Lipaco, Jorge Pereira. Admitindo que as empresas de confeção e de tecidos talvez encontrem no MODTISSIMO motivos acrescidos para “estarem muito satisfeitos com a internacionalização” patrocinada pela feira, Jorge Pereira afirma que “a postura da organização nessa área é para manter e incentivar”.

Para Ricardo Ferreira, CEO da Siena, “o MODTISSIMO dá palco a muitas empresas portuguesas” que têm na internacionalização uma das suas opções estratégicas, “sendo por isso uma feira muito importante”. “principalmente para as empresas de pequena dimensão, é fundamental a sua participação no MODTISSIMO porque é aí que conseguem interagir com os clientes estrangeiros”. “É muito importante pagar a deslocação de alguns clientes a Portugal, uma ferramenta que outros países usam; é fundamental continuar a fazer-se isso – porque daí retiramos muitos benefícios: vêm ao MODTISSIMO e aproveitar para depois ir conhecer as empresas, o que é muito importante”.

Finalmente, Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal (ATP) disse a T Jornal que a internacionalização “faz parte do caminho de sucesso do sector têxtil nacional”, como faz ”igualmente parte do sucesso do MODTISSIMO”. A razão é, para Mário Jorge Machado, evidente: “a feira é a grande montra que Portugal tem para mostrar ao exterior o que o sector faz de melhor”.

Nada contra do lado das empresas: o caráter internacional do MODTISSIMO é, pela amostra, uma das caraterísticas mais importantes do certame e, pedem as empresas, deve não só continuar, como deve mesmo ser aprofundada. Assim se fará, assegura a organização.

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