28 maio 21
Moda

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VOOD encontrou a fórmula para incorporar madeira no vestuário

A VOOD é uma empresa portuguesa que acaba de apresentar uma inesperada inovação: a incorporação de madeira em peças de vestuário, calçado e acessórios para homem. É através de técnicas a laser e vários tratamentos que a empresa consegue transformar a madeira comum numa estrutura flexível que combina com uma base de tecido em algodão orgânico, tornando as peças confortáveis, esteticamente aprazíveis e altamente duráveis.

A proposta conta já com certificado internacional. A madeira usada é geralmente de nogueira ou faia e é possível lavar e passar a ferro as peças assim produzidas sem que as suas caraterísticas sofram qualquer alteração. Segundo descreve o fundador e CEO da VOOD, João Reis, o processo de gravação a laser é moroso e consiste em criar “mini quadrados que fracionam a folha de madeira e tornam-na flexível”. Importa sublinhar que a madeira não se desintegra e há um total aproveitamento da área cortada.

O processo tem também a particularidade de permitir criar produtos únicos: “cada peça é diferente da outra, todas provêm de uma parte diferente da folha da madeira, se calhar de uma árvore diferente, e isso dá-lhes exclusividade, por exemplo, em termos de tonalidade”, explica João Reis.

Já no calçado, a madeira assume-se como um substituto da camurça e ocupa mais de 50% do sapato. João Reis começou por “perceber junto dos trabalhadores que materiais devia juntar à madeira sem lhe tirar valor” e chegou à conclusão que a pele de vaca natural, devido à respirabilidade e resistência do material, seria a melhor opção. Apesar de não ser um produto cruelty free, o empresário explica que é uma “pele certificada e vem da indústria alimentar, que caso não fosse usada para este fim seria incinerada e causaria mais poluição”.

Com raízes em Gondomar, a VOOD divide o processo de produção com empresas conceituadas na área de têxtil e calçado. “A parte dos acessórios somos nós a fazer internamente. O vestuário e calçado estamos a fazer em parceria com empresas de Guimarães e Felgueiras. Disse-lhes desde o inicio que não era nenhuma Versace nem Gucci e que não ia encomendar 5 mil ou 10 mil peças de cada, quem quisesse associar-se muito bem, senão tinha de ir bater a outra porta. Somos pequenos e não temos capacidade para encomendar ainda em grande escala, mas temos parceiros ótimos que confiam plenamente no projeto”, remata o criador do projeto.

A marca surgiu em 2019 e começou por tentar conquistar o público português, embora João Reis confesse “que em termos de mercado não somos fortes para a compra deste tipo de artigos mais exclusivos e com um patamar de preço um pouco mais elevado”. Atualmente está a apostar na comunicação e na internacionalização da marca: a perspetiva é chegar aos países nórdicos e à Holanda, mas João Reis não deixa de referir os contactos B2B que tem estabelecido com algumas lojas multimarca nacionais.

Sobre uma possível coleção de mulher, o fundador da VOOD recorda que começou por introduzir alguns acessórios como pulseiras e bandoletes, mas a aceitação por parte dos homens foi melhor. “Acredito que não podemos queimar etapas e vou deixar a marca evoluir como o mercado assim o desejar”, conclui.

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