03 maio 21
Sustentabilidade

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UE precisa de novas regras para o comércio têxtil

As organizações ambientalistas pedem que a União Europeia estabeleça critérios mínimos de sustentabilidade obrigatórios para a comercialização de produtos têxteis. As exigências devem acautelar o fabrico de produtos que sejam duráveis, facilmente reparáveis e livres de tóxicos.

A adoção de regras é reclamada pela ECOS – uma organização internacional dedicada às questões ambientais na área da normalização, de que a portuguesa Zero faz parte -, que avançou com um estudo onde se conclui que “é urgente integrar requisitos mínimos de conceção ecológica nos têxteis em toda a UE, similares aos existentes para os equipamentos elétricos e eletrónicos”.

Em comunicado, os ambientalistas advertem que “as fontes fósseis representam cerca de dois terços dos materiais usados pela indústria têxtil atualmente”, pelo que “se a vida das roupas for prolongada em apenas nove meses reduzimos a pegada de carbono, água e resíduos entre 20 a 30%”.

Uma análise das etiquetas e normas aplicáveis aos têxteis revela que estes não integram critérios fundamentais para avaliar a sua sustentabilidade, como a durabilidade, a reparabilidade, o potencial de reutilização ou mesmo a redução de libertação de microfibras, regras cuja aplicação é reclamada pelos ecologistas.

“Esta intervenção é urgente e tem um enorme potencial de eficácia, uma vez que 80% dos impactos ambientais resultantes dos produtos têxteis são estabelecidos na fase de conceção”, defendem, explicando que os novos requisitos de design ecológico devem focar-se em “desenhar os produtos e os sistemas para vidas mais longas, informando o consumidor do tempo de vida expectável”.

O comunicado avança que os artigos devem ser “livres de tóxicos”, assegurando também que os seus materiais provêm de “fontes sustentáveis e éticas”. Devem ainda ser desenvolvidas normas sobre a libertação de microfibras e “aplicação da responsabilidade alargada do produtor, que promova prioritariamente a redução e a reutilização, durabilidade e reparação”, acrescentam.

Segundo a ECOS, a proposta agora apresentada visa contribuir para “a transição necessária do atual modelo linear e insustentável, baseado em compras constantes, e tempo de utilização reduzido, para um modelo circular, assente em comprar apenas o essencial, na utilização a longo prazo, na venda em segunda mão, e na transformação das fibras recicladas em produtos de qualidade”.

Um primeiro passo nesse sentido, recorde-se, foi já dado ao nível europeu pela Diretiva Resíduos, que está já transposta para o direito nacional. Nela se estabelece que a partir de 01 de janeiro de 2025 a recolha seletiva de têxteis passará a ser obrigatória em toda a UE.

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