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É uma publicação luxuosa, impactante tanto no grafismo, como nas imagens e conteúdo, que tem como destinatários os players do sector têxtil mundial mas também o consumidor final . “A ideia era que tivesse uma imagem intemporal, tanto no design como nas escolhas das matérias a abordar”, explica Paulo Gomes, responsável pela edição e direção artística do projeto.
A aliança “da tradição têxtil portuguesa à inovação com que aborda o tema da sustentabilidade, que não só é atual, mas que é ao mesmo tempo o presente e o futuro do setor têxtil. Quisemos produzir um livro que dentro de uma década que mantivesse atual”, refere ainda aquele responsável.
A publicação, da responsabilidade da ATP, surge no âmbito o projeto “Sustainable Fashion From Portugal: Fashion Industry’s New Chic”, que surgiu precisamente com o objetivo de “dar a conhecer ao mundo algumas das melhores práticas, iniciativas e projetos em curso na indústria têxtil e vestuário portuguesa”, como explica o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, no prefácio da publicação, editada em inglês.
A diretora do projeto, Sofia Botelho, explica que “a questão da sustentabilidade no mundo da moda, o seu aparecimento em Portugal e como está a ser visto o seu enquadramento nos dias de hoje por produtores, criadores, consumidores e público”, são o temas abordados, com textos das jornalistas Patrícia Brito e Patrícia Bernabé, e também da escritora convidada Isabel Lindim (excertos em baixo).
Além das autoras, há também a “opinião de personalidades públicas sensibilizadas para o tema, promovendo esta nova visão criativa, bem como de vários profissionais e opinion makers do mundo da moda, expressando a sua opinião sobre o futuro da indústria, e qual a herança deixada para os futuros criadores e produtores, de modo a dar um sentido de continuidade à criação de novos projetos cada vez mais ecológicos sem perder a sua irreverência, sentido de inovação e espírito crítico”, completa Sofia Botelho.
“Portugal é um dos principais produtores de têxteis e vestuário na Europa, onde clientes de todo o mundo encontram o parceiro certo, uma relação de negócios duradoura, de confiança de benefício mútuo, com uma oferta de valor acrescentado, onde produto e serviço se complementam num output diferenciador”, considera ainda Mário Jorge Machado.
Uma oferta que Paulo Gomes quis ancorar nas características de tradição e inovação que claramente distinguem a ITV portuguesa, o que o levou a escolha de três projetos que bem ilustram essa dualidade: O Cork-a-Tex, o fio de cortiça desenvolvido pela Têxteis Penedo, o projeto Uva da Tintex, um couro artificial a partir das películas de uvas de Alvarinho, e a Burel, com a lã das ovelhas da Serra da Estrela. “Pilares da economia tradicional que se atualizam como elementos de trabalho neste paradigma. Queríamos que o livro fosse espelho deste empenho, vontade de casamento entre ciência, tecnologia e know-how o setor têxtil português tem face às atuais motivos de preocupação com o ambiente e ecossistema global”, sintetiza Paulo Gomes.
Todos os dias são anunciadas revolucionárias inovações no campo da sustentabilidade, fruto da colaboração entre a ciência, a tecnologia e as indústrias. Das fibras produzidas a partir do cânhamo aos insetos comestíveis.
Do outro lado, os consumidores estão cada vez mais atentos e exigentes, mas continuam a ter com a moda uma relação emocional que os leva ao consumo. Paulatinamente, as marcas têm vindo a introduzir nas suas coleções modelos mais sustentáveis pelos quais os clientes não se importam de pagar mais. A revolução já está em curso e a indústria da moda, tradicionalmente fundada em novas expressões, em ideias ousadas e originais e em pensamentos radicais, tem-se mostrado à altura das suas responsabilidades, encontrando-se na linha da frente desta cruzada pela sobrevivência do planeta e da humanidade.
Atenta aos sinais, pioneira, a indústria têxtil portuguesa reinventou-se e investiu fortemente nas oportunidades do mercado da sustentabilidade – onde não tem de competir pelo preço, mas pela qualidade –, afirmando-se atualmente como um centro de inovação e assumindo um papel de vanguarda nesta revolução desejada.
Líder na inovação e na sustentabilidade. Eis o novo cartão de visita internacional da Indústria Têxtil e do Vestuário portuguesa que, em anos recentes, soube como reinventar-se, assumindo o papel de ponta-de-lança mundial na transição para um setor mais amigo do planeta e acrescentando valor “verde” aos seus inovadores produtos.
Fibras biodegradáveis, tingimentos com bactérias e com pigmentos naturais, acabamentos e tecidos inteligentes, reaproveitamento dos desperdícios, processos e maquinarias mais eficientes, produtos desenhados para durarem e para serem reciclados, uma nova filosofia de investimento que rima com investigação e com inovação. Com estas linhas se vai cosendo a nova imagem de marca dos têxteis portugueses, líderes mundiais no capítulo da inovação e exemplo a seguir no que respeita à sustentabilidade e à circularidade da economia na indústria da moda.
As regras mudam quando vemos um mundo que respira as consequências das alterações climáticas e da poluição. Ninguém sai ileso deste impacto. E é nesta nova consciência que reside a esperança de um planeta mais saudável.
Se o consumidor for mais exigente e mais informado, também essa tal máquina de produção irá traçar um caminho diferente, mais sustentável, com materiais ecológicos – como vimos nas novas formas de tingimentos, no crescente uso de algodão orgânico e de tecidos smart, no aproveitamento de desperdícios, na adaptação de antigos métodos de produção e no potencial da cortiça como material ecológico.
Está provado que estamos num caminho irreversível em termos de sustentabilidade. O futuro está à nossa frente, com informação e tecnologia suficientes para reverter o impacto no meio ambiente e a pouca durabilidade de uma indústria massificada. Tudo está ligado: nós, aquilo que vestimos e a forma como usamos os recursos. Para proteger a natureza, temos em primeiro lugar de sentir empatia por ela. Depois, é tudo uma questão de escolhas.