António Moreira Gonçalves
Depois de dois anos de investigação e desenvolvimento, a portuguesa Smartex está já a instalar os primeiros exemplares da sua tecnologia: Tintex, Malhas Carregal, Rifertex e Polopique fazem parte do grupo de “early adopters”, ou pioneiras, que já estão a experimentar a tecnologia nos seus teares circulares. Em Itália, a Smartex está também a ser instalada na fábrica da Gucci.
“Temos um plano mais alargado de instalações previstas, com projectos para o Brasil ou para o Bangladesh, onde a Smartex será instalada numa fábrica da C&A, por exemplo. A Covid-19 adiou essas instalações, mas continuam previstas”, esclarece Rui Pereira, Head of Business Development da empresa.
Criada em 2018 por três jovens empreendedores portugueses – António Rocha, Gilberto Loureiro e Paulo Ribeiro – a Smartex hoje já não se define como uma startup, mas como uma “speedup”. Depois da tecnologia desenvolvida e patenteada, a empresa entrou no início deste ano num projecto de financiamento na ordem dos 2,2 milhões de euros, integrado no Acelerador do Conselho Europeu de Inovação. A equipa foi alargada – conta atualmente com 20 pessoas – e a tecnológica deu início à sua entrada no mercado.
Baseada num sistema inovador que conjuga visão computacional e inteligência artificial para identificar e evitar o desperdício, a inovação da Smartex consiste numa tecnologia capaz de identificar defeitos na malha produzida em teares circulares. No momento em que um defeito é identificado, a máquina pára, evitando que continue a produzir sobre o erro e a desperdiçar energia, tempo e matéria-prima.
“Tem uma forte componente de sustentabilidade porque faz com que as empresas poupem recursos, a começar pela própria malha. Pelo método tradicional o defeito é identificado muito depois e leva a que a máquina tenha trabalhado em vão. Com a Smartex, é em tempo real”, explica Ana Tavares, Head of Communication & Partnerships.
O sistema é composto por uma parte de harware e outra de software. “Em termos de hardware, temos um sistema de câmaras e luzes, que filmam a malha e assim que identificam o erro, param a máquina automaticamente, para que operador intervenha. Em termos de software, consiste num sistema de visão computacional e inteligência artificial, com um modelo de machine learning”, explica Rui Pereira.
O sistema não identifica apenas um catálogo de defeitos, mas conta com uma tecnologia capaz de ir aprendendo com a experiência, alargando o leque de erros identificados. “Vamos sempre alimentando as bases de dados, a experiência de uma fábrica será útil para outra”, salienta o responsável de negócios da empresa.