António Moreira Gonçalves
Chama-se sampLess, abriu portas no Porto no início deste ano, e é o primeiro centro de prototipagem digital vocacionado para o sector da moda e dos têxteis. O projecto, que já conquistou clientes como a Impetus, pretende revolucionar a forma como as têxteis portuguesas criam amostras, tornando o processo totalmente digital. Mais rápido e com menor desperdício, o que promete acelerar o desenvolvimento de novos produtos e acabar com os custos e o impacto ambiental de produzir e enviar amostras físicas.
O serviço da sampLess passa, assim, por tornar a moda e os têxteis portugueses mais digitais. O centro, que está otimizado para a prototipagem de vestuário, têxteis-lar, calçado e acessórios, conjuga três serviços: scanning, renderização e modelação 3D. “O processo é muito similar à produção física. O primeiro passo é a digitalização dos tecidos, ou seja, a conversão de uma amostra física numa amostra digital, através de scanning. Depois, a partir dos moldes de cada peça de vestuário, compomos o modelo 3D. Por fim aplicamos os materiais nesse modelo e renderizamos para obter o protótipo final”, explica Paulo Salgado, fundador da sampLess.
Este protótipo pode depois ser partilhado com a equipa comercial, com clientes ou com qualquer parceiro, tornando-se desnecessário estar a produzir amostras físicas e a enviá-las. “Para além de evitar o desperdício, este protótipo digital é depois costumizável, podemos mudar a cor ou o padrão, sem ter de produzir nada”, salienta o responsável do projecto. “Numa última fase, uma empresa pode até apresentar um produto sem o produzir. Imagine que vende uma peça em preto e quer testar se a venderia em vermelho, pode coloca-la no site, perceber o feedback dos clientes ou do público, e depois arrancar com a produção”, antevê o responsável do projecto.
A tecnologia já não é nova e ao longo dos últimos anos começou a ser integrada na indústria têxtil, mas o objetivo da sampLess é torna-la mais generalizada e acessível a empresas de qualquer dimensão. “A nossa missão é um pouco evangelizar este know-how em toda a indústria, porque as tecnologias atuais tornam-se por vezes demasiados pesadas para algumas empresas as internalizarem. Com este serviço, todos podem ir a jogo nesta nova vaga do digital fashion”, explica Paulo Salgado.
O centro, que começou a trabalhar no início deste ano, já foi responsável pela apresentação de algumas das peças da Impetus (modelo da imagem) na última ISPO Munich Online. No Reino Unido também já atraiu as atenções da marca Raeburn. Os clientes despertam para esta tecnologia, não só pela eficiência dos processos, mas também pela questão ambiental. “As marcas que assumem a sustentabilidade como um dos seus critérios estão mais conscientes desta tecnologia, porque se reduz muito o desperdício. Com esta tecnologia, podemos diminuir em 70% as amostras que são criadas, as quais muitas vezes acabam no lixo”, lembra o fundador da sampLess.
Para além dos serviços de digitalização, a sampLess está a introduzir também em Portugal a tecnologia norte-americana Swatchbook, uma biblioteca digital, que promete servir de marketplace para os produtores que já têm a prototipagem digital integrada. “Funciona como uma livraria, mas é totalmente dinâmica, permitindo a fornecedores e clientes começarem a testar materiais e construírem protótipos dentro da própria plataforma”, explica Paulo Salgado
Para mais informações ou pedidos, o centro sampLess encontra-se disponível através do email paulo@sampless.io