António Moreira Gonçalves
As tradicionais rendas de Lérias, originais da Póvoa da Atalaia, no concelho do Fundão, são o tema de um estudo académico que analisa não só a história mas também as potencialidades futuras desta arte. “Queremos deixar o testemunho escrito desta tradição, mas também associar a inovação e integrá-la em novos produtos”, explica Alexandra Cruchinho, uma das responsáveis pelo artigo científico, que já foi apresentado internacionalmente e é agora publicado.
O artigo parte da entrevista com algumas das rendeiras mais experientes da região – “entrevistamos, por exemplo, uma senhora com mais de 90 anos, que já aprendeu a arte com a mãe”, lembra Alexandra Cruchinho – para definir as raízes e os contornos de uma arte que se tem prolongado ao longo de séculos. “As rendas são encontradas em têxteis-lar ou em acessórios para bebé, para além de decorarem os travesseiros nas festas das papas”, lembra a investigadora e professora na Universidade Lusófona de Lisboa.
A equipa, que é também composta pelos investigadoras Madalena Pereira, da UBI, e Ana Sofia Marcelo e Paula Peres, da ESART Castelo Branco, já apresentou os resultados do seu estudo na conferência internacional Senses and Sensibility e é agora publicado na íntegra no livro de actas da conferência.
No entanto, o objetivo do grupo é continuar a trabalhar na investigação e na promoção das rendas. Ao longo dos últimos anos foram realizadas quatro edições do desfile e do concurso das rendas de lérias, em que jovens designers foram desafiados a integrar a renda em novas peças de moda. “Esse trabalho vai continuar a ser feito, estou também a coordenar uma jovem designer que aprendeu a fazer o ponto para o poder integrar em novos produtos”, revela Alexandra Cruchinho.