07 julho 23
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PV II: Acatel declara guerra a tudo que é petroquímico

A ambição da Acatel é grande: tornar-se a transformadora de malhas com a menor pegada ecológica possível, declarando guerra aos produtos petroquímicos. O desafio também é enorme, já que atingir os objetivos implica pesados investimentos em tecnologia, a fazer no meio de uma tempestade provocada pela pandemia, a guerra, a inflação e o aumento do custo do dinheiro.

“Estamos no caminho para largar tudo o que é petroquímico”, afirma Susana Serrano, a CEO da Acatel (grupo Impetus), que mantém firme a rota traçada há dois anos, não se atemorizando com os ventos contrários.

Sustentabilidade e circularidade são a religião da Acatel, que investiu neste altar cerca de 400 mil euros para usar a tecnologia Colorfix, que permite tingir sem produtos químicos e a uma velocidade muitíssimo superior à tradicional.

Como não podia deixar de ser, a tecnologia Colorfix começa na natureza, numa planta ou no animal. Susana Serrano dá o exemplo do papagaio. Pega-se numa pena azul (também por exemplo) do papagaio, estuda-se o DNA, procura-se a bactéria – que depois de descoberta é clonada.

A partir desta fase, entra a fábrica da Acatel em Barcelos, equipada com um laboratório, onde as bactérias são fermentadas, num processo similar ao da produção da cerveja, e através da adição de água e açúcar obtém-se o líquido utilizado no tingimento, à peça ou da malha.

“Não usamos químicos. E tingimos 600 quilos de uma vez, em duas horas, em vez das seis, 12 ou até 16 horas que demora o processo tradicional, usando menos água”, conta a CEO da Acatel, que tem em curso um outro investimento, orçamentado em 1,7 milhões de euros, na compra de uma máquina aos ingleses da Alchemie.

Este equipamento, que vai chegar em setembro (até agora só há dois em operação em todo o mundo, um na Inglaterra e outro em Taiwan), permite tingir pelo processo Endeavour, que possibilita tingir sem usar qualquer tipo de corante e gera poupanças de 85% de energia e 95% de água relativamente aos métodos convencionais de tingimento.

É com este tipo de investimentos que a Acatel espera cumprir o seu mote – the textile of the future -, sendo que enquanto não chega a máquina da Alchemie, e para colmatar as lacunas do Colorfix (que não consegue fazer preto), vai satisfazendo a clientela com tingimentos tradicionais, em que apenas usa produtos bio.

Além de agir com os olhos postos no futuro, Susana vai também sendo obrigada a reagir, como o fez no ano passado, quando os preços do gás chegaram ao céu e a Acatel investiu mais de um milhão de euros numa caldeira de biomassa para reduzir a conta do gás.

“Os preços do gás acalmaram, mas a instabilidade é enorme, há no mercado uma enorme incerteza. 2022 foi um ano difícil, que fechamos com um volume de negócios de 13,5 milhões de euros. Este ano até maio as coisas correram melhor, depois abrandaram, mas já estão a voltar a subir. O certo é que temos de procurar novos clientes e novos mercado com novas estratégicas comerciais”, conclui Susana.

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