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“Não se pode dizer que tenha corrido mal, mas também não se pode dizer que correu muito bem, a própria organização reconhece que havia menos gente”, resume Manuel Serrão, num primeiro e sintético balanço a mais uma edição da Première Vision (PV), que fechou ontem as portas no Parque de Exposições de Paris Villepinte.
Os ventos sopraram todos contra: as manifestações e pilhagens nas ruas, que levaram o governo francês a ter em cima da mesa a declaração do Estado de Emergência, afastaram muitos compradores; a conjuntura económica marcada pela incerteza e a instabilidade, geradas pela guerra na Ucrânia; a tensão inflacionista; a diminuição no consumo. A conjugação no espaço e no tempo de todos estes fatores conspiravam contra o sucesso da PV.
“É claro que havia menos gente nos corredores. Mas apesar de menor em quantidade, a qualidade dos compradores foi muito satisfatória”, garante o CEO da Seletiva Moda.
“Não está a correr mal”, conta João Carvalho, CEO da Fitecom, à hora do almoço do segundo dia, acrescentando: “De manhã tivemos sempre as cinco mesas ocupadas, mas agora está muito mais calmo”.
Albano Morgado pinta o quadro usando cores mais sombrias: “Não há japoneses, não há americanos. A França vive uma situação social muito complicada – em fevereiro foi a greve do RER, agora estes motins, antes tinham sido os ‘gilet jaunes’, há sempre qualquer coisa, greves, manifestações, e isso afeta a feira”.
E para além de todos estes fatores objetivos, que a organização da PV não controla, há ainda um subjetivo, mais melindroso: a antecipação das datas de setembro para julho.
“Em fevereiro a feira correu muito melhor. Tive um dia em que só consegui ir almoçar às 16h30 e já quase sem voz”, diz Susana Serrano, CEO da Acatel, explicando esta diferença pela data: “Em julho os nossos clientes estão quase todos de férias”.
Albano Morgado confirma: “A feira devia ter-se mantido em setembro. Julho é o mês de férias por excelência nos países do Norte da Europa”.
Mas o presente são três segundos, está sempre a passar, o que interessa agora é por os olhos no futuro. E o futuro da PV é que tudo se manterá na mesma na edição de fevereiro, mas a realização em Paris da de julho está comprometida pela coincidência temporal com os Jogos Olímpicos. A eventualidade de uma deslocalização está em cima da mesa.
O T Jornal esteve todos os dias presente em Paris para uma cobertura exaustiva da presença das empresas portuguesas. Eis a prova: o jornal em papel nas mãos de Ana Luísa Monteiro às portas da empresa com a qual participou no certame.