12 agosto 22
ITV

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Pesadelo espreita num ano que podia ser o melhor de sempre

Este podia ser o melhor ano de sempre para a ITV, mas o mundo mudou de forma abrupta e o horizonte está agora carregado de nuvens. Sem mudanças no lay-off e apoios à fatura do gás, o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, aponta mesmo para um cenário de pesadelo nos próximos meses.

“A partir de junho a conjuntura mudou radicalmente, com uma diminuição forte da procura, e há já empresas a recorrer ao lay-off e a reduzir o número de dias de trabalho”, descreve Mário Jorge Machado ao jornal Dinheiro Vivo, advertindo que sem rápidas medidas que permitam ajustar a sua atividade, “podemos estar a condenar algumas empresas a ficarem pelo caminho”.

Isto, avança do líder da associação que representa toda a fileira têxtil, porque “a pior coisa que uma empresa pode fazer é fechar totalmente, porque implica que os seus clientes vão ter de procurar soluções noutro lado”, um cenário que pode torna-se incontornável uma vez que “não estamos a criar mecanismos para as ajudar a atravessarem uma situação de economia de guerra”.

Mecanismos que existem por exemplo em Itália ou na Alemanha, “onde sempre existiu um regime de lay-off ajustável, em que as empresas dispõem de um certo número de dias por ano em que podem não ter atividade se não tiverem encomendas que a justifique. Em Portugal isso não existe, o que obriga as empresas a suportarem os encargos salariais, mesmo estando paradas alguns dias por semana”.

Uma conjuntura a que se somam os agravamentos acima dos 100% nos custos do gás, “o que está a contribuir duplamente para fragilizar a sua situação”, apontando novamente para o que se passa, por exemplo, em França, onde as empresas beneficiam de um apoio de 25% do valor da fatura.
Para enfrentar a situação a ATP, em articulação com a CIP tem alertado o Governo para a urgência da criação de um regime de lay-off ajustável em função da procura, a par de apoios mais efetivos à fatura do gás. “Estamos a enfraquecer o tecido industrial por uma situação que deveria ser vista com outros olhos”, alerta Mário Jorge Machado, que chama a atenção para o desgaste a que a situação está a submeter a tesouraria das empresas.

“Estruturalmente, o sector têxtil tem um potencial gigantesco, mas a verdade é que podemos estar a condenar algumas empresas a ficarem pelo caminho”, insiste, apontando para as nuvens negras no horizonte. “Quem está nas empresas sabe que, apesar dos números das exportações, a situação hoje está mais próxima de um pesadelo”, alerta o presidente da ATP.

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