20 agosto 21
Comércio

T

Grandes distribuidores preocupados com dependência da Nike

A Nike, a maior marca de equipamentos desportivos do mundo, e os gigantes da distribuição, da norte-americana americana Foot Locker à britânica JD Sports, chegaram à conclusão que as suas relações, sendo excelentes, são também um perigo: a dependência das distribuidoras em relação à fabricante é uma ‘bomba-relógio’ que pode colocar o negócio em perigo.

A distribuidora mais exposta a esta situação é precisamente a Foot Locker. A marca reconhece abertamente ter uma grande dependência da Nike: no ano fiscal de 2020, a empresa norte-americana comprou cerca de 91% dos produtos que vendeu a apenas cinco fornecedores, mas a Nike assume, neste total, uma posição de 75% – quando no ano anterior era de 71%. Cada uma das divisões da Foot Locker é altamente dependente da Nike, com pesos a variarem entre 47% e 82%.

“As mercadorias com melhor posicionamento e com maior procura são atribuídas pelos nossos fornecedores de acordo com os seus critérios internos” – admite a Foot Locker “Embora geralmente consigamos comprar quantidades suficientes dessas mercadorias no passado, não podemos ter a certeza de que os nossos fornecedores continuarão a alocar quantidades suficientes no futuro ou se os próprios fornecedores optarão por vender essas mercadorias nos seus negócios online”, diz a empresa norte-americana quando chamada a comentar on assunto.

Menos exposta, a JD Sports também já detetou a ‘ratoeira’ em que se deixou cair. “O conselho de administração considera que o fornecimento contínuo da Nike e da Adidas, principais fornecedores de produtos desportivos com marcas de terceiros, é essencial para os negócios do grupo”. Dito de outra forma: se esses fornecimentos falharem, o negócio da distribuidora fica automaticamente em causa.

A norte-americana Dick’s passa pelo mesmo: em 2020, e de entre os cerca de 1.300 produtos que vende, a Nike respondeu por 19% de todos eles, muito acima do segundo classificado, que não chega sequer aos 10%.“Não temos contratos de compra de longo prazo com nenhum dos nossos fornecedores; todas as novas compras são feitas com pedidos de curto prazo”, admite a empresa, o que piora ainda mais a exposição excessiva.

Para estas empresa, acresce ainda outro problema: é que Nike foi a primeira a induzir a sua existência. Em 2017, a marca originária do Estado de Oregon anunciou uma estratégia para aumentar o peso das suas vendas diretas (lojas próprias e canal digital). Resultado: em 2016, a Nike obteve 74% de seu negócio global no negócio por grosso (para revendedores) e 26% com a distribuição própria; no final de 2020, essas percentagens eram de 65% e 35%, respetivamente.

Partilhar