01 Junho 20
Confeção

António Moreira Gonçalves
Foto: Goucam

Goucam com foco na retoma da moda e já recebe encomendas

Máscaras, batas, túnicas e cógulas são as mais recentes novidades no catálogo do grupo Goucam, mas o grupo empresarial de Viseu está focado no regresso ao seu core business: a confecção de moda para marcas internacionais. Apesar do forte impacto da Covid-19 na sua atividade, que se continuará a sentir até pelo menos ao final do ano, o grupo já está a registar as primeiras encomendas pós-confinamento e retirou parte dos trabalhadores do layoff. O grupo Inditex continua a encomendar.

“Neste momento temos um enorme mix de situações no grupo: uma das nossas fábricas está dedicada à confecção de casacos, temos ainda pessoas em layoff e uma outra parte está dedicada à produção de material de protecção”, começa por explicar José Carlos Castanheira, CEO do grupo Goucam, que conta com quatro unidades fabris, especializadas na confecção de fatos, tanto de homem como senhora, e emprega 400 pessoas.

Para o grupo com sede em Viseu, o ano até tinha começado da melhor maneira. “Em 2019 atingimos os 18 milhões de euros em faturação, e continuávamos com uma tendência de crescimento. Em Janeiro e Fevereiro estávamos a crescer acima dos 20%”, conta José Carlos Castanheira, CEO do grupo. Uma realidade virada do avesso pela pandemia. Com as lojas dos seus clientes fechadas por toda a Europa, a empresa começou a receber cancelamentos e adiamentos de encomendas e acabou por fechar a produção ainda em março.

Tal como em muitas outras empresas , a produção de vestuário de protecção surgiu como uma alternativa para fazer regressar parte da equipa à atividade. “Começamos quase por carolice, porque o hospital aqui de Viseu pediu-nos e estava com falta de materiais. Os primeiros milhares de batas e cobre-botas foram oferecidos, mas depois começamos a pensar em criar aqui uma nova área de negócio”, explica o responsável pela Goucam. Na sua nova gama Protect+, a empresa apresenta máscaras certificadas para cinco lavagens, viseiras e um conjunto composto por túnica, cobre-botas e cógula, também com o selo de garantia do CITEVE. Produtos destinados sobretudo ao mercado nacional, mas que também já registaram encomendas do Reino Unido e da Alemanha.

No entanto, o CEO do grupo prefere encarar este mercado como algo momentâneo. “Já não se está ver aquela procura das primeiras semanas”, comenta, e mantém o foco no regresso à moda. Com mais de 90% da sua produção orientada para o exterior – Espanha é principal mercado, seguida pelos países nórdicos, França e Estados Unidos –, José Carlos Castanheira vai acompanhando com atenção o desconfinamento dos principais mercados europeus e regista os primeiros sinais de retoma.

Neste cenário de uma “nova realidade”, o empresário destaca o grupo Inditex: “mantiveram e honraram os compromissos que tinham e logo que possível reativaram as encomendas. Já estamos a negociar até novas encomendas”, afirma.

Apesar dos sinais positivos, o empresário prevê de novo grandes dificuldades em setembro. “As lojas têm stocks acumulados em armazém e as compras para o próximo verão já estão feitas. Será uma estação difícil”, prevê.

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