31 outubro 2016
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Etiópia investe no maior parque industrial têxtil de África

A Etiópia inaugurou o maior parque industrial têxtil de África, com uma área de 1,3 milhões de m2 e capacidade para albergar 21 fábricas. Com este investimento, o Governo de Adis Abeba espera duplicar o emprego têxtil no país e que a ITV etíope passe a exportar mil milhões de US dólares/ano, ou seja dez mais do que atualmente.

Inaugurado pelo primeiro ministro Hailemariam Dessalegn, o parque industrial Hawassa tenta tirar partido do acordo AGOA (African Growth an Opportunitty Act) que prevê exportações isentas de impostos para o mercado americano.

Quando estiver em pleno funcionamento, o parque industrial Hawassa vai gerar 60 mil postos num único local, mais do que os 53 mil empregos que toda a indústria têxtil da Etiópia tem hoje. Construído pela China Civil Engineering Construction Corporation por 250 milhões de dólares, o parque se situa a 275 quilómetros da capital, Adis Abeba.

Empresas de moda como a PVH Corp. (dona das marcas Calvin Klein e Tommy Hilfiger), a sueca H&M, e a Wuxi Jinmao Foreign Trade Company, da China, estão entre as 15 empresas estrangeiras que alugaram pavilhões no parque, a par de outras provenientes da Índia, Sri Lanka e China – e para além de seis empresas etíopes.

O governo tem anunciado o Hawassa como um parque industrial ‘sustentável’, pois, além de contar com novas tecnologias e segurança, vai ser alimentado pela abundante e barata energia hidrelétrica do país, empregando tecnologias de conservação de energia e água.

Sendo a segunda nação mais populosa da África, a Etiópia possui uma força de trabalho jovem, abundante e relativamente bem-educada entre os seus 100 milhões de habitantes. O país possui um dos mais altos níveis de investimento estrangeiro na África graças, em parte, a competitivos custos da mão de obra, bem menores do que os chineses. Quem está mais interessado em fabricar moda na África são justamente empresas chinesas por causa dos aumentos dos custos chineses.

Como os salários dos trabalhadores têxteis e o custo de energia sobem na China, além das inúmeras denúncias de exploração de trabalho escravo em países asiáticos, muitas marcas ocidentais começaram a buscar centros de abastecimento alternativos, e a África é vista por alguns como a próxima fronteira. A Etiópia oferece, assim, uma grande oferta de energia barata e os salários no setor têxtil do país estão entre os mais baixos do mundo, menos de 60 dólares por mês.

O país tem potencial para se tornar uma fonte de matérias-primas: mais de 3,2 milhões de hectares de terra com um clima adequado para o cultivo de algodão e outras fibras naturais. No entanto, apenas 7% da terra estão a ser usados para cultivo.

Para se diferenciar dos problemas ambientais causado pela fabricação de moda na Ásia, com suas fábricas altamente poluentes, o governo da Etiópia quer que o país fique conhecido pela produção de vestuário, têxtil, couro e calçados com as mais recentes tecnologias sustentáveis de fabricação e tratamento de resíduos têxteis.

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