04 março 20
Indústria

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Denúncias de trabalho forçado em fábricas na China

Milhares de membros da minoria étnica uigur estão a ser obrigados a trabalho forçado em fábricas que fornecem algumas das maiores marcas do mundo, têxteis incluídas. A denúncia é do Instituto Australiano de Estratégia Política (ASPI).

A China transferiu milhares de membros da minoria étnica de origem muçulmana uigur, que estavam detidos em campos de doutrinação, para fábricas que fornecem algumas das maiores marcas do mundo. Segundo denunciou uma unidade de investigação.

A notícia desta segunda-feira da agência Lusa refere que “entre 2017 e 2019, mais de 80.000 uigures mantidos sob detenção extrajudicial em campos na região de Xinjiang, extremo noroeste do país, foram transferidos para fábricas que integram as cadeias de fornecimento de 83 marcas conhecidas mundialmente”, segundo revelou o Instituto Australiano de Estratégia Política (ASPI).

Explicando que “as fábricas usam mão de obra forçada de uigures como parte de um mecanismo de transferência patrocinado pelo Estado [chinês]”, a notícia dá conta que entre as marcas estão grandes nomes do sector têxtil como Adidas, Lacoste, Gap, Nike Puma, Uniqlo ou H&M, mas também da eletrónica (Apple, Sony, Samsung, Microsoft ou Nokia) e automóvel (BMW, Volkswagen, Mercedes-Benz, Land Rover ou Jaguar).

A lista inclui também grupos chineses como a fabricante de eletrodomésticos Haier ou a gigante das telecomunicações Huawei.

Segundo a unidade de investigação australiana, os trabalhadores uigures transferidos permanecem privados da sua liberdade e continuam a ser sujeitos a doutrinação política.

“Nessas fábricas, eles moram geralmente em dormitórios separados, fazem cursos de mandarim e de conteúdo ideológico fora do horário de trabalho e estão sujeitos a vigilância constante; não têm permissão para observar as suas práticas religiosas”, referiu a ASPI.

Em cerca de trinta fábricas identificadas, o relatório detalhou um estabelecimento em Qingdao, leste da China, que produz bens para a Nike e a “reeducação” de trabalhadores uigures em fábricas de vários subcontratados da gigante norte-americana Apple.

Segundo o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, o relatório carece de “base factual” e visa “menosprezar os esforços da China para combater o terrorismo e o extremismo em Xinjiang”. A política chinesa em Xinjiang “alcançou bons resultados” porque “todos os participantes do programa educacional contra o extremismo se formaram e encontraram empregos estáveis”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Zhao Lijiang.

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