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A incerteza do Brexit – e principalmente de um Brexit sem acordo, que pode ainda suceder – fez mais duas vítimas: o grupo espanhol El ganso encerrou quatro lojas em Londres e a Scalpers (também espanhola) decidiu igualmente fechar a sua loja na capital do Reino Unido. O ambiente de incerteza foi o suficiente para que o risco associado ao mercado britânico deixasse de interessar às administrações dos grupos ibéricos.
As contas são simples: se o Brexit for executado sem acordo, as transações de têxteis e vestuário de e para o Reino Unido alinharão (na melhor das hipóteses) com as tarifas da Organização Mundial do Comércio, que determinam uma taxa alfandegária média em torno dos 11%.
Ora se isso acontecer, os grupos internacionais que queiram exportar para o Reino Unido (os os instalados naquele mercado que queiram exportar a partir do Reino Unido) terão que acomodar aqueles 11% da taxa alfandegária (ou um valor próximo disso) no preço final ou na margem bruta. Tanto uma como outra opções são um evidente mau negócio, que irá colocar em causa ou o mercado ou os lucros das empresas.
Desistir de um mercado como o do Reino Unido é, por outro lado, uma decisão sempre difícil: é o segundo melhor mercado da moda da Europa (logo a seguir ao alemão), que vale mais de 55 mil milhões de euros por ano (cada britânico gasta em média 848 euros por ano em roupa) – e o regresso das taxas alfandegárias poderiam custar cerca de 1,2 mil milhões a mais. Para o Reino Unido, a adaptação também não será fácil: o setor gera mais de 35 mil milhões de euros para a economia britânica e emprega cerca de 890 mil pessoas.