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A estilista norte americana Tory Burch tem à venda no seu website uma camisola de lã que parece tratar-se da secular peça do vestuário dos pescadores da Póvoa do Varzim. A peça, que custa 695 euros, chegou a ser apresentada como de inspiração mexicana, informação que foi retirada depois da acusação de plágio por parte dos poveiros.
O caso foi ontem notícia no Público, informando que o município da Póvoa de Varzim já fez chegar os protestos junto da estilista. Trata-se, no entender dos poveiros, de um claro plágio, que nem sequer pode ser confundido como uma mera semelhança estilística: a camisola é colorida com a coroa da bandeira monárquica portuguesa e contem vários elementos marítimos característicos da comunidade piscatória local.
E nem sequer faltam aquilo a que as bordadeiras locais chamam os “tremidinhos” (carreiras em ponto de liga que se encontram no decote e nas cavas) e os “castelinhos” (efeitos em zigue-zague que orlam os punhos, cós, ombros e golas).
Há seis meses que as entidades locais deram início ao processo de certificação da Camisola Poveira, e disso mesmo notificaram a estilista americana, sem terem, no entanto, obtido qualquer tipo de resposta. Apenas no site de Tory Burch a camisola mudou de nome e deixou de referir a inspiração mexicana.
A Camisola Poveira, que chegou a ser usada pela princesa Grace do Mónaco e até já foi exibida num programa da National Geographic, é inconfundível pelos bordados de linhas vermelhas com motivos marítimos e, muitas vezes, pelas siglas das famílias que as produziam, muito embora se assemelhe às camisolas grossas usadas por pescadores em vários pontos do mundo.