T80 - Fevereiro 23
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As marcas pedem made in Portugal e a Marjocri deu o passo em frente

“Começou a haver uma grande procura pelo produto português, pelo made in Portugal. Não só porque estava tudo a fugir da China, mas também pela confiança na qualidade, proximidade e facilidade de contactos”, relembra Ricardo, o filho do casal fundador que hoje comanda o negócio de braço dado com a mulher.

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Avançar para os mercados externos, para a exportação, era uma ideia que há muito bailava nas cabeças de Joana Moura e Ricardo Vieira, mas acabou por ser com a paragem da pandemia que recebeu o impulso decisivo. Lá diz o ditado que é a ocasião que faz o ladrão, e como o súbito parão imposto pela pandemia tinha roubado atividade à Marjocri, houve que reagir.

“Começou a haver uma grande procura pelo produto português, pelo made in Portugal. Não só porque estava tudo a fugir da China, mas também pela confiança na qualidade, proximidade e facilidade de contactos”, relembra Ricardo, o filho do casal fundador que hoje comanda o negócio de braço dado com a mulher.

Fundada em 1980 por António Cardoso e Ana Machado, a Marjocri – que associa os nomes dos três filhos, Marlene, Jorge (que é o segundo nome de Ricardo) e Cristina – depressa se centrou na revenda por grosso de artigos em malha. A par da itinerância das feiras o negócio criou raízes com três armazéns de revenda, instalados em Famalicão, Pombal e Porto Alto, nos quais continua a assentar a base da atividade. 

“A minha sogra fazia os moldes, desenvolvia as peças e mandava depois confeccionar, maioritariamente em malhas, mas depois evoluiu também para os tecidos, fazia blusas e camisas. Hoje na revenda temos vestuário de homem e senhora à base de malhas retas e tecidos”, conta Joana, para explicar que foi esta a base que permitiu à empresa avançar para internacionalização. 

“Havia, e continua a haver, no centro e norte da Europa e uma grande procura por tricotados e como cá dentro os nossos clientes estavam obrigados a ter as portas fechadas decidimos avançar. Fomos à feira de Munique [Munich Frabric Start] e ao MODtissimo e as coisas estão a correr muito bem”, lembra a empresária, enumerando clientes de países como Suécia, Alemanha, Áustria, França e Países Baixos. 

“Fornecemos tricotados em regime de private label, escolhemos os materiais, desenvolvemos produtos e amostras. O lema é sempre a transparência, abrimos todas as portas, o cliente sabe sempre o que está a acontecer”, descreve Joana, explicando que com o avanço para o mercado externo a Marjocri teve também que adaptar a sua estrutura dividindo-se agora em dois sectores. De um lado o Your Label, focado no trabalho com o private label, do outro, o MJC centrado no mercado interno e nos armazéns de revenda.  

Com o Your Label, a Marjocri trabalha as marcas suas clientes. Um serviço completo, desde o design, desenvolvimento, confecção e estamparia digital, segundo o critério e conceito da marca. Ricardo explica que a prática mais comum é o desenvolvimento de pré-coleções, que as marcas vão depois vender aos seus clientes, só avançando com a produção em função das encomendas. 

Uma flexibilidade que resulta também da proximidade e cria as bases em que se estabelece o negócio. “O preço não é o principal foco, que está antes na qualidade, prazos e controle do processo. O cliente acompanha tudo, fazemos vídeos de todos os passos da execução a encomenda, sabe sempre o que se está a passar”, explica Ricardo. 

Foi assim que rapidamente os cerca de 20 clientes Your Label que já tem a Marjocri passaram a representar perto de 20% da facturação de cerca de um milhão de euros que deverá registar no fecho de contas de 2022. Até porque ao contrário do que acontece no mercado interno, que se baseia ainda no fator preço – “os empresários só querem baixar preços, retirar valor ao mercado” -, Ricardo Vieira projecta que até 2030 a exportação venha a pesar à volta de 70% das receitas da Marjocri.

A Empresa

Marjocri – Malhas e Confeções, Ldª
Ed. Portas de Santiago, 111
4615-174 Figueiró, Amarante

O que faz Fabrico e revenda de vestuário Área de produção 2.000 m2 Armazéns de revenda Famalicão, Pombal e Porto Alto Exportação Cerca de 20% Plantel 17 trabalhadores diretos Clientes ativos 820 (revenda) + 20 (exportação) Volume negócios Cerca de um milhão de euros (2022)

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