14 Junho 2019
Estratégia

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Farfetch quer é crescer, não a rentabilidade imediata

O crescimento internacional é a prioridade estratégica da Farfetch, que aponta para a China e Médio Oriente e não está por enquanto preocupada com a obtenção de lucros. “Seremos lucrativos quando quisermos ser lucrativos”, garante José Neves numa longa entrevista ao Observador, citando os exemplos da Amazon, Facebook, Google ou Netflix.

“Temos muito para crescer”, diz o líder da plataforma de venda de moda de luxo, que refere a obra da nova estrutura da empresa, em Matosinhos, no âmbito dos projectos para Portugal. “Vamos construir o campus do Porto e queremos que seja um dos edifícios mais sustentáveis da Europa. Penso que vamos continuar a apostar no país, já temos mais de 2 mil colaboradores em Portugal, é mais de metade do universo da Farfetch”, explica.

Quanto à obtenção de lucros, Neves explica que essa não é por enquanto a prioridade. “Somos uma empresa com 2 mil milhões de vendas num mercado de 300 mil milhões. Portanto, temos muito por crescer”, esclarece, apontando à China e Médio Oriente. “Temos primeiro os mercados internacionais, a China, onde fizemos um investimento tremendo, temos 300 colaboradores e escritórios em Xangai, Hong Kong e Pequim. É o nosso segundo maior mercado já, está com um crescimento super acelerado, mas estamos a falar de um mercado gigantesco”.

Outra aposta é “o mercado do Médio Oriente, que lançámos há um ano e no qual fizemos um investimento imenso com uma equipa local, um escritório local, o site em árabe com serviço para todos os países da região”, explica ainda o fundador da Farfetch.

“Seremos lucrativos quando quisermos ser lucrativos. Neste momento estamos a crescer a 50%, não há muitas empresas — talvez uma ou duas no mundo — com 2 mil milhões de vendas, mais de 500 milhões de receitas previstas para este ano, a crescer 50% ao ano”, adianta Neves. “A nossa aposta neste momento não é na rentabilidade imediata, é em conquistar quota de mercado e em continuarmos nesta rampa de crescimento, porque temos meios financeiros para isso, temos zero de dívidas, portanto não temos quaisquer dívidas no balanço”, conclui.

“E é isso que cria confiança nos investidores. Eles vêm através das contas da empresa que é uma aposta deliberada que estamos a fazer no crescimento. Temos os meios financeiros para isso e é isso que os nossos investidores querem que façamos, que é crescer”, conclui o líder da empresa nascida em Portugal, que vale mais de mil milhões na bolsa de Nova Iorque e fechou o último exercício com um prejuízo e 109 milhões.

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