T45 Julho & Agosto
Loja

Até ao cair do pano

A Miacomigo abriu portas quando a Baixa ainda era um deserto, resistiu a crises económicas e mantém-se determinada a continuar o seu trabalho, sempre fiel aos seus princípios: a proximidade com os clientes, o atendimento personalizado e o genuíno espírito de boutique, com colecções escolhidas a dedo

Cláudia Azevedo Lopes

Se há palavra que pode definir a história da Miacomigo, essa palavra é resiliência. Abriram portas quando a Baixa do Porto era um deserto em ruínas, mantiveram-nas abertas durante a crise económica e nem as obras constantes que a cidade vai levando à sua volta – a mais recente é a do mercado do Bolhão – são suficientes para condenar esta boutique (embora lhe compliquem um pouco a vida). O segredo? “Tem tudo a ver com o atendimento personalizado”, garante Teresa Branco, uma das proprietárias, juntamente com o irmão, José Carlos Branco, e Bernadete Carecho, cunhada e a principal responsável elo nascimento da Miacomigo.

“Houve aqui um trabalho de proximidade, de criação de clientela, que foi desenvolvido pela Bernadete e que se revelou essencial para o sucesso da loja. Porque a Baixa há uns anos atrás não era aquilo que é hoje. Era um deserto. As pessoas quando saiam dos trabalhos ao fim do dia até tinham medo de passar por estas ruas. Ela fez um trabalho magnífico, acreditando e trabalhando todos os dias para criar relações de intimidade com os nossos clientes. Porque no fundo era isso que os motivava a visitarem a loja”, explica Teresa Branco.

No entanto, não se pode falar da Miacomigo sem falar da Soares e Gorgulho, Lda, a empresa mãe fundada em 1987 por Maria Moita Gorgulho e José Soares Branco, os pais de Teresa e José Carlos. Começou por vender lãs – o que fez com que se tornasse conhecida na Areosa, onde se situava, simplesmente como a Loja das Lãs – e mais tarde deu o salto para o pronto-a-vestir.

Anos depois falou-se na abertura de uma segunda loja e Bernadete Carecho tomou conta do leme. “Todo o conceito desta loja foi idealizado pela Bernadete e foi ela que durante os primeiros 13 anos a geriu sozinha. A ideia era criar uma loja que vendesse roupa de qualidade, introduzindo até alguns criadores nacionais, como foi o caso do Luís Buchinho. Ou seja, vender marcas de referência que agradassem e seduzissem uma clientela média-alta”, conta Teresa Branco.

Encontraram este espaço no edifício do Palácio do Bolhão e chamaram o arquiteto Luís Pedro Silva, o mesmo que desenhou o Terminal de Leixões, para dar vida a visão que Bernadete tinha para a loja. “Por se tratar de um edifício histórico, o projeto teve de ser feito em colaboração com o IPPAR. É fácil imaginar o tempo que demorou e o investimento que teve de ser feito…”, explica Teresa Branco. “Houve uma grande preocupação em respeitar a história do edifício, que antes era um palácio, onde se faziam as festas mais luxuosas do Porto, e que agora alberga um teatro”, completa.

Uma estética que está bem presente mal se entra na loja. O reposteiro acetinado que encima as prateleiras,  o cortinado denso de tecido aveludado que desce do teto até ao chão para dar lugar aos provadores, como se de uma cortina de palco se tratasse, e, no centro, um enorme candeeiro formado por dezenas de lâmpadas suspensas.

Luís Buchinho, Hoss Intropia, Alba Conde, Messcalino, Oki Coky , Pisonero, Sita Murt, Xendra, Kookai, e os acessórios de Regina Pinheiro, Manuela Andrade e Alexandra Quintas são as marcas de referência escolhidas por Bernadete, que também faz a curadoria das coleções,  para seduzir a clientela da Miacomigo. Um trabalho que, assim como no passado, vai continuar a ser feito no futuro, sem medo dos desafios. Até ao cair do pano!

A Loja

Miacomigo
Rua Formosa, 340
4000-249 Porto

Ano de abertura 2006 Produtos Vestuário feminino Estilo Para todas as ocasiões, desde roupa de cerimónia a peças mais casuais Cliente Que procura roupa intemporal e de qualidade Loja online Através do Facebook e Instagram

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