Criada em 2008 para ser uma célula comercial, cujo grosso do negócio estava na revenda de peças básicas em volume para grandes retalhistas, rapidamente a Oldtrading percebeu que o futuro estava na autonomia e na produção própria, e não tardou muito até virar a agulha para os produtos mais técnicos
António Moreira Gonçalves
Rui Gordalina orgulha-se de ver na Oldtrading não apenas uma confecção, mas uma espécie de “empresa-laboratório”, onde inovar se tornou quase tão importante como produzir ou vender. “Quando se fala em inovação, não basta dizer que estamos disponíveis para inovar, concerteza que todos estão disponíveis, mas é preciso materializar isso”, começa por explicar o fundador e administrador da empresa de Famalicão especializada na tecnologia Seamless, o vestuário sem costuras.
Quando foi criada, em 2008, o perfil da Oldtrading era, no entanto, bem diferente. No desenho inicial, a empresa era apenas uma célula comercial, e o grosso do negócio estava na revenda de peças básicas em volume para grandes retalhistas, como o grupo Auchan, que ainda hoje integra a carteira de clientes da empresa.
Rapidamente a Oldtrading percebeu que para crescer precisava de autonomia e capacidade de produção própria. Assim, em 2011 abre-se à indústria, compra os primeiros teares e cria uma confecção de raiz, com toda a tecnologia orientada para o seamless, cuja procura não parava de aumentar.
Mesmo com a crise internacional e a chegada da Troika, as vendas continuaram a crescer a uma média de 20% ao ano. No entanto, o mercado lançava sinais que eram impossíveis de ignorar e em 2013 a empresa decide jogar na antecipação. “Quem trabalha com produtos básicos tem margens muito pequenas, sofre uma pressão enorme e vai agoniando ao longo do tempo. Tínhamos de dar o salto”, relembra o empresário.
A Oldtrading virou assim a agulha para os produtos mais técnicos. Para dar esse salto, o primeiro passo consistiu na especialização dos recursos humanos. “Inovar é transformar dinheiro em conhecimento, e isso só é possível com uma equipa qualificada”, explica Rui Gordalina. A maior prova desta mudança é o DIEP – Departamento de Investigação e Engenharia do Produto, um gabinete exclusivamente dedicado a desenvolver novos produtos, onde hoje trabalham seis pessoas, entre designers e técnicos especializados. “Representa 12% da nossa equipa, não é costume uma empresa ter tanta gente dedicada à I&D”, sublinha.
Esta estratégia abriu portas a novos mercados, como o sportswear, o vestuário de modelação ou o pré-mamã. Peças de compressão que combatem a fatiga muscular ou modelos adelgaçantes com propriedades anti-celulite são algumas das tecnologias criadas pela empresa, numa aposta que permitiu reduzir o peso das peças mais básicas e aumentar a presença nos mercados externos, que hoje representam 95% de toda a facturação.
Agora, com um catálogo cada vez mais variado, a Oldtrading não fecha a porta à possibilidade de saltar do Private Label para as vendas ao público, mas Rui Gordalina prefere avançar com cautela. “Não excluímos a hipótese de criar uma marca própria, mas não podemos esquecer a nossa vertente industrial. Só colocamos um pé à frente quando já temos o outro bem assente no chão”, assegura.
Oldtrading
Rua D. Afonso Henriques, 97
4770-076 Cabeçudos, Vila Nova de Famalicão
O que faz? Confecciona vestuário seamless para mercados como o underwear, o desporto, a modelação e o pré-mamã Fundação 2008 Trabalhadores 50 Principais Mercados Noruega, Suécia, Holanda, Inglaterra, França e Espanha Volume de negócios 1,5 milhões de euros