T79 - Janeiro 23

Que expectativas para as feiras deste primeiro trimestre?

As empresas estão de regresso com toda a confiança às feiras internacionais, parecendo querer antecipar um ambiente de retoma nas encomendas, que sabem que há-de chegar, não se sabe é quando. Hábil a reagir e rápida a decidir, a ITV portuguesa quer colocar-se na linha da frente, e com isso tirar também retorno do forte investimento que tem feito na mudança de paradigma, na procura de soluções sustentáveis e amigas do ambiente. É com essas armas que parte para luta, com propostas e soluções que oferecem às marcas um caminho alternativo. As expectativas estão em alta, resta esperar que se confirmem.

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Embora, ao que tudo indica, o fecho das contas e 2022 vá terminar com mais um recorde para as exportações do sector – acima dos seis mil milhões de euros -, todos sabem que é um resultado enganador e sobretudo fruto da já consagrada capacidade de resiliência do setor. Há pois que rapidamente mudar de rumo e reagir à queda de encomendas e é para isso que as empresas se avançam para as grandes feiras, à procura da retoma e com toda a confiança.

“São muito boas expectativas relativamente às feiras deste primeiro semestre, pois temos recebido feedback dos nossos clientes que querem encontrar-se cara a cara para ver as novidades e poderem inspirar-se para os novos desafios do futuro”, diz António Cunha, director comercial da Orfama, expressando uma confiança que é partilhada por outras empresas.

Também face aos “contactos e agendamentos já estabelecidos com clientes habituais e com potenciais clientes que já confirmaram a presença nas feiras em que estamos presentes, as expectativas são as melhores”, afirma sem rodeios o CFO & Business Development da Blackspider / Cristina Barros, Marco Costa, tal como Carla Pimenta, CEO da Texser – A Têxtil de Serzedelo, para quem “depois da desgraça dos últimos anos em que não houve feiras ou que se fizeram com grandes condicionalismos, a expetativa é obviamente muito alta”. E explica: “apesar da importância cada vez maior do online, o contacto cara a cara vai trazer melhores resultados. O têxtil continua a gostar do contacto e isso é importante para o setor. Por isso, quero crer que vai ser a retoma dos negócios, a começar já pela Première Vision e logo a seguir no Modtissimo”. 

Ma há também quem aspire apenas por um ambiente de previsibilidade: “esperamos que haja uma maior estabilidade no mundo para que o sistema comercial retome o seu processo normal (como antes do Covid) e o consumo retome um curso mais estável para nos podermos projetar num programa produtivo mais constante e menos de altos e baixos”, diz Cândido Correira, CEO da Givec.

António Cunha
"São muito boas expectativas relativamente às feiras"


Para a Polopiqué, o principal objectivo está no regresso ao ambiente comercial. “Voltar a colocar o nome da Polopiqué nas principais feiras internacionais têxteis após um periodo de ausência destes certames. Com o objetivo de apresentar as nossas coleções e inovações no desenvolvimento de malhas e tecidos e na área de confeção de vestuário, expondo toda a nossa criatividade e agilidade têxtil”, concretiza Diogo Rebelo, diretor comercial a empresa.

Ambição em alta também para Patricia Ferreira, CEO da Valérius Hub. “As expectativas são as melhores, não só porque é o regresso ansiado, em pleno e sem constrangimentos, mas também porque as marcas andam à procura de uma saída, de um bote de salvação para a retracção no consumo em consequência do aumento dos custos e da inflação. As marcas têm que se reinventar, encontrar novos nichos e soluções, e a produção portuguesa nearshoring, com oferta sustentável e reciclada pode ser o caminho. Dai que as próximas feiras se apresentem como novas oportunidades, mas é preciso esperar a ver se as expectativas se concretizam”.

Uma cautela partilhada por Fátima Sousa, que quer “esperar para ver”, depois de ter regressado já da recente Heimtextil, em Frankfurt, com uma sensação de mixfeeling. “Por um lado a feira não registou a afluência de que estava à espera, mas por outro as encomendas estão a regressar a bom ritmo, parece haver já um ambiente de retoma”, reflete a administradora da Domingos de Sousa & Filhos, S.A., concluindo que “depois de um final de ano carregado de nuvens, este início de ano está a mostrar-se prometedor, bem melhor do que esperávamos”. 

Dúvidas que cautelas partilhadas por Sidónio Silva.

Fecho das contas e 2022
Termina com mais um recorde para as exportações do sector
“Nós queremos sempre crescer, não vamos às feiras apenas para manter negócios, mas na conjuntura actual se mantivermos já não é mau”, confessa o CEO da Malhas Sidónios, constatando que “no que toca à moda as coisas estão muito paradas e a grande dúvida é saber quando é que vão retomar. Se é já neste ano ou apenas para o próximo, essa é a resposta do milhão”. 

No entanto, “a expectativa é claramente a de que o ambiente de negócios melhore”, diz, por seu lado, João Abreu, CEO da Crispim Abreu & Cª Ldª, convicto de que “após um período de grande retracção no consumo, queremos acreditar que este início de ano vai ser o despoletar de novos negócios, as marcas e retailers vão precisar de novos produtos para retomar a sua atividade. É claro que não esperamos que 2023 seja um ano brilhante, mas acredito que vais trazer de volta o ambiente de negócios”. 

Já Luís Oliveira, CEO da jovem WonderRaw, olha mais para um horizonte de futuro. “Perante um provável abrandamento das economias e num contexto de grande incerteza, esperamos com estas feiras preparar melhor o nosso caminho, divulgando o nosso nome, os nossos produtos e os nossos serviços junto dos mercados-alvo”, enquanto na Adalberto se considera que “um novo ano começa sempre com altas expectativas” 

Joana Girão Oliveira, diretora de marketing e comunicação, diz que este “é o arranque de um novo ciclo, novos desafios, novos clientes e novos projetos. Para a Adalberto em particular, este ano de 2023 marca uma nova fase da nossa empresa, por isso, partimos para as feiras do primeiro trimestre com a ambição de dar a conhecer ao mercado as melhores soluções têxteis presentes na nossa gama de produtos e serviços, trazendo para a nossa organização os melhores negócios”. 

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