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Numa conferência em que coube à ATP as honras de abertura, a APCER apresentou as suas estratégias e ferramentas para apoiar as empresas no cumprimento da legislação da UE no âmbito da sustentabilidade e circularidade dos têxteis, alicerçadas nos pilares ambiental, social e de governança (ESG), incluindo certificações específicas para a indústria têxtil e vestuário, como GOTS, OCS, RCS e GRS.
Foi precisamente para os 16 pacotes legislativos da União Europeia (UE) em curso que a diretora-geral da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Ana Paula Dinis, chamou a atenção durante a sessão de abertura da conferência “Indústria Têxtil – Tecendo um Futuro Sustentável”, realizada pela APCER em parceria com a associação e que decorreu na terça-feira, em Famalicão. “Este quadro regulatório é mais do que uma simples estratégia; é um compromisso comum para transformar o modo como produzimos, consumimos e gerimos os produtos têxteis ao longo de todo o seu ciclo de vida. Como representante desta indústria, a ATP está comprometida com estes objetivos e metas e determinada a trabalhar em estreita colaboração com todas as partes interessadas para alcançarmos uma transição bem-sucedida”, afirmou.
As atividades e iniciativas da APCER junto do sector têxtil visam hoje apoiar as empresas no cumprimento de muitos dos regulamentos e diretivas que vão sendo anunciados, como por exemplo a Diretiva de Reporte de Sustentabilidade Cooperativa (CSRD – Corporate Sustainability Reporting Directive). “Além de dar indicações do reporte, também dá indicações do que devo incluir nesse reporte”, esclareceu Pedro Fernandes. “Mesmo que as PME não estejam abrangidas por essa diretiva, quando se fala no âmbito 3 da pegada de carbono, quando se fala em dados dos fornecedores, as empresas abrangidas vão acabar por ter de ir à cadeia de fornecimento buscar informação. Portanto, as PME vão ter de estar preparadas para dar resposta a essas questões”, indicou o climate change business developer da APCER, que centrou a sua intervenção no pilar ambiental da sustentabilidade, incluindo a economia circular e a neutralidade carbónica. A APCER é acreditada pela AA1000 (AccountAbility), para realizar verificações de relatos de sustentabilidade e disponibiliza formação nesse domínio.
Já o pilar social da sustentabilidade foi abordado por Susana Pacheco, que focou a sua apresentação nas ferramentas de apoio à responsabilidade social, sustentadas “ nos quatro maiores referenciais ou esquemas que existem no mercado e que cobrem um grande número de empresas na área do sector têxtil: a amfori; o SEDEX; o SLCP e o Higg Index”, como explicou a , supply chain product manager da APCER, salientando ainda as principais diferenças entre eles e os ganhos, internos e externos, obtidos pelas empresas com a sua aplicação, como por exemplo contributos para a gestão do risco; redução de acidentes e respetivas consequências; maior taxa de retenção de funcionários; cumprimento de requisitos legais e de clientes; controlo da cadeia de fornecimento; melhoria da reputação, divulgação do desempenho de responsabilidade social com base numa avaliação/verificação externa, confiança junto de investidores e valorização em projetos de investimento; e visibilidade para compradores globais. A APCER é membro da APSCA – Association of Professional Social Compliance Auditors, pelo que todas as verificações e auditorias são feitas com auditores certificados por esta associação de referência.
Filipa Miranda, por sua vez, clarificou os objetivos e requisitos das certificações GOTS – Global Organic Textile Standard, OCS – Organic Content Standard, RCS – Recycled Claim Standard e GRS – Global Recycle Standard (estas três últimas da Textile Exchange). Entre as principais vantagens do GOTS, a certification technical manager da APCER apontou “a garantia credível da origem orgânica do produto e de um processamento ambiental e socialmente responsável, abrangendo toda a cadeia desde a colheita até ao fabrico e comercialização; a certificação por um organismo independente e acreditado; a proteção da saúde, segurança e direitos dos trabalhadores; o sistema de gestão ambiental, tratamento de águas residuais e cumprimento dos requisitos legais; que apenas podem ser utilizados produtos químicos aprovados e livres de substâncias perigosas; que os acessórios são analisados para detetar resíduos de substâncias perigosas, seguindo a Lista de Substâncias Restritas (RSL); e o cumprimento de parâmetros técnicos de qualidade”. Já no caso das certificações da Textile Exchange, Filipa Miranda destacou “a garantia credível da alegação de sustentabilidade que é feita num produto ao longo de toda a cadeia, além também de ser de efetuada por um organismo independente e acreditado”.